O primeiro-ministro, António Costa, admitiu esta sexta-feira que a possibilidade de contabilização dos mais de nove anos em que as carreiras dos professores estiveram congeladas existe “em abstrato“, mas destacou que tal não deverá acontecer já no próximo ano.

“Essa discussão é uma discussão nova, muito difícil, pelo seu impacto financeiro, pela repercussão que necessariamente tem noutras carreiras, e portanto requer tempo e discussão, que não é compatível com este Orçamento do Estado para 2018, nem há condições financeiras em 2018 para lhe dar resposta“, destacou o líder do Governo.

Para António Costa, houve “confusão” entre “duas discussões a propósito da questão dos professores”. Por um lado, o descongelamento das carreiras, que é “o cumprimento de um compromisso que assumimos de pôr fim ao congelamento das carreiras, de todas as carreiras da administração pública, e portanto pegar no cronómetro que está parado há vários anos e repô-lo a funcionar”. Por outro lado, uma outra discussão sobre “o que é que acontece ao período de tempo onde o cronómetro esteve parado”.

“Os professores são aliás a categoria profissional onde há em número absoluto mais pessoas a poderem progredir na sua carreira e em termos percentuais dos que mais progridem. São 46 mil professores que vão já poder progredir na sua carreira em 2018. Isto significa que o Orçamento do Estado devolve uma coisa que é fundamental, que é o direito à carreira por parte de todos os funcionários, e não destrói a carreira, pelo contrário, está a devolver o direito”, sublinhou António Costa.

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O primeiro-ministro disse ainda perceber “a frustração, para muitas pessoas, para muitos professores, pelo facto de este tempo não ter sido contado”, garantindo estar “por razões familiares em especiais boas condições de perceber esse sentimento de frustração” — a mulher de António Costa também é professora. “Agora, todos sabemos que nós não podemos ir mais longe do que aquilo que podemos ir”, afirmou.

Manifestando a disponibilidade para negociar, António Costa sublinhou que “é preciso manter a responsabilidade para garantir a irreversibilidade das mudanças que têm sido feitas”. “Se todas as questões têm solução. Isso não lhe posso garantir que sim, mas posso garantir que o Governo trabalhará com os sindicatos sobre este assunto”, disse ainda, alertando para a necessidade de “não dar um passo maior do que a perna”.

“Procuro evitar assumir compromissos sem ter a certeza de que os posso cumprir”, rematou o primeiro-ministro.