O cenário foi a eleição da Miss Universo em 2017, em Las Vegas. Sarah Idan, Miss Iraque (à direita), publicou há três dias no seu Instagram uma selfie com a sua homónima israelita, Adar Gandelsman. A fotografia tinha tudo para ser só mais um momento dos bastidores do concurso, não estivessem os dois países de relações diplomáticas cortadas.

Com mais de 2300 “gostos”, a fotografia tornou-se viral, muito mais do que as restantes selfies que a Miss Iraque publicou com concorrentes de outras nacionalidades. Por estes dias, Sarah Idan teve ainda oportunidade de expressar a sua alegria por ser a primeira iraquiana a marcar presença no concurso em mais de 40 anos. A Miss Israel publicou uma imagem semelhante no seu próprio perfil, que rendeu um número semelhante de reações positivas.

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Nos últimos quatro dias, a imagem foi comentada e partilhada por centenas de pessoas. Ofir Gendelman foi uma delas. No Twitter, o porta-voz do primeiro ministro israelita classifica o encontro das duas misses como uma “grande mensagem de esperança para a região”. Já o jornal The Times of Israel descreve a publicação como sendo “uma manifestação rara de coexistência num Médio Oriente dividido”.

Mas a partilha também suscitou reações negativas. No Twitter, Asaad Abukhalil, um professor universitário libanês a viver nos Estados Unidos, referiu-se à Miss Israel como a “Miss da ocupação e da brutalidade”. Na mesma rede social, um ativista iraquiano comentou: “Tirar uma fotografia de um árabe ou muçulmano com um ‘israelita’ não significa que haja satisfação em relação à vossa política @IsraelArabic de agressão à humanidade e à paz. Especialmente, depois da Miss [Iraque] ter pedido desculpa pela imagem”.

De facto, Sarah Idan veio desculpar-se no dia seguinte. Ela perguntou-me se eu gostaria de tirar uma fotografia com ela. Disse-lhe que adoraria ajudar a espalhar esta mensagem. O objetivo da fotografia era ser uma expressão de esperança para a paz mundial”. A iniciativa partiu da Miss Israel e a Miss Iraque concordou em tirar a fotografia.

Eu peço desculpa a todos os que consideraram a fotografia ofensiva para a causa palestiniana. Não era esse o objetivo da publicação, mas apenas uma chamada de atenção para a paz e esperança como soluções para a crise”, concluiu Idan.