O novo bilhete de identidade angolano começa esta segunda-feira a ser emitido pelos serviços do Arquivo de Identificação Civil e Criminal e passa a conter um QR Code e chip eletrónico, para armazenamento de informação e posterior integração.

De acordo com o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos angolano, a emissão do novo cartão de identificação vai ser feita de forma faseada, arrancando neste dia nos serviços de Identificação Civil e Criminal da Samba, bem com nas centralidades do Kilamba e Cacuaco, todos em Luanda.

O alargamento do processo de emissão a todo o país será gradual e vai desenrolar-se até ao final de janeiro de 2018, com o sistema a atingir então uma capacidade de emissão de 100 mil cartões por dia.

De acordo com a diretora nacional do Arquivo de Identificação Civil e Criminal, Felismina Gandu da Silva, o novo modelo de bilhete de identidade incorpora medidas de segurança, pelo que existirá apenas um centro de emissão e impressão, centralizado em Luanda. As autoridades angolanas ressalvam contudo que os atuais bilhetes permanecem válidos até à data de caducidade, não havendo necessidade de antecipar a renovação para os novos cartões.

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Felismina Gandu da Silva explicou que este modelo de bilhete de identidade dispõe de uma maior capacidade de armazenamento de dados, suficiente para guardar as informações pessoas e outros dados, através do chip de memória, permitindo uma maior troca de informações com outras entidades, públicas e privadas.

Estes dados serão guardados no bilhete de identidade e também são passíveis de leitura a curto prazo, porque permitirão fazer a leitura do número de contribuinte, do número de segurança social, do boletim de nascimento e do cartão de eleitor”, explicou.

A Lusa noticiou em janeiro deste ano que uma empresa chinesa foi selecionada pelo Governo angolano para fornecer a solução tecnológica para gestão da identificação civil e criminal em Angola, bem como emissão dos registos de nascimento ou do bilhete de identidade.

Em causa está um despacho assinado pelo então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, selecionando a empresa China National Electronics Import & Export Corporation para um contrato de “fornecimento de bens, instalações e suporte técnico”, no valor de 243 milhões de dólares (206 milhões de euros).

Segundo o documento, esta contratação, pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, surge da necessidade de “implementar a Plataforma de Gestão Integrada da Identificação Civil e Criminal” e por forma a “assegurar a sua correta execução física e financeira”.

Visa ainda “restabelecer as condições para a execução do projeto de reformulação das atividades do registo de nascimento e óbito, emissão do bilhete de identidade e do registo criminal”, lê-se. O despacho autoriza igualmente o Ministério das Finanças a proceder ao enquadramento deste contrato numa linha de crédito comercial a negociar junto de uma instituição financeira da China.

De acordo com informação do Governo divulgada em agosto, existem em Angola 96 postos de registo e emissão de bilhete de identidade, 36 dos quais em Luanda, sendo 24 fixos e 12 móveis, mas este processo ainda é problemático, atualmente.

Milhares de angolanos continuam sem nunca ter tido qualquer documento de identificação, o que explica o facto de o registo eleitoral em curso prever uma solução para quem não possui bilhete de identidade. Menos de um terço (31%) das crianças menores de cinco anos em Angola tem certidão de nascimento, segundo uma análise anteriormente divulgada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

A baixa cobertura desse serviço, refere o estudo sobre a situação das Crianças e Mulheres em Angola, deve-se “em grande medida às insuficiências dos serviços de registo e aos padrões e práticas sociais que limitam a procura de registo”.