O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, recusou esta terça-feira qualquer responsabilidade para o seu Governo na queda de uma posição no índice Ibrahim, que avalia a boa governação em África, e considerou possível reverter a situação.

Trata-se de uma avaliação de 2016 e o sinal de alerta colocado a Cabo Verde refere-se a avaliações negativas dos últimos cinco anos. Nada que impute o atual Governo”, disse Ulisses Correia e Silva.

Cabo Verde caiu da terceira para a quarta posição no Índice Ibrahim de Governação Africana 2017, acentuando a evolução negativa dos últimos cinco anos. O país somou uma pontuação de 72,2 pontos num total de 100, contra os 73 registados no ano passado, tendo entrado para o grupo de países com “sinais de alerta”.

Ulisses Correia e Silva, que falava aos jornalistas à margem da sessão de abertura de um fórum sobre o futuro do serviço público de comunicação social, assegurou estar a trabalhar para reverter a situação.

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Trata-se de uma situação perfeitamente recuperável e estamos a trabalhar para que Cabo Verde possa novamente estar colocado em boa posição nesses índices”, disse.

Explicou que a classificação de Cabo Verde foi penalizada pelas pontuações negativas em matérias como a segurança e estado de direito (-0,50) e a participação e direitos humanos (-0,70), considerando que está “perfeitamente ao alcance de Cabo Verde dar o salto necessário para colocar o país bem”.

Globalmente, Cabo Verde registou uma variação negativa de -0,30 pontos.

A líder do maior partido da Oposição (PAICV), Janira Hopffer Almada, lamentou a descida do país no índice e sublinhou a importância de manter a credibilidade do país.

“A credibilidade do país é um dos principais ativos senão o principal, e temos de poder valorizar este ativo na perspetiva de trabalharmos para reforçar a nossa credibilidade”, disse, citada pela agência cabo-verdiana de notícias Inforpress.

Para a presidente do PAICV, partido que governou Cabo Verde durante 15 anos, nos últimos tempos tem existido no país um discurso governamental não alinhado com a prática.

Anunciam-se posturas, mas a prática vem demonstrando que têm sido totalmente contrárias às promessas e compromissos assumidos pelo atual Governo no seu programa e na sua campanha eleitoral”, adiantou.

Considerou ainda que a deterioração da posição de Cabo Verde no índice “não constitui motivo de grande estranheza”, tendo em conta, segundo disse, o “ambiente de grande perseguição e intimidação na administração pública as pessoas que não de identificam com o partido que está a governar neste momento”.

“Temos assistido a nomeações de dirigentes, militantes ou pessoas próximas do partido que está a governar Cabo Verde sem nenhum concurso público e sem avaliar o mérito e a competência”, reforçou.

Considerou ainda que há um “grande desnorte” na forma de avaliação das medidas em curso, numa perspetiva de destruição de tudo que possa ser identificado com a governação anterior.