A denúncia chegou à Polícia Judiciária há cerca de dois anos. Um grupo de seguranças em estabelecimentos de diversão noturna, na zona Oeste, andava a agredir clientes e estes não queixavam por medo. Os investigadores da Unidade Nacional Contra Terrorismo da Polícia Judiciária foram para o terreno e a investigação culminou esta quarta-feira com dez detidos, três deles polícias. São suspeitos de crimes vários, como ameaça, coação, ofensa à integridade física, sequestro, exercício ilegal de segurança privada, tráfico, mediação e detenção de armas proibidas e corrupção.

A informação foi avançada em comunicado: dos dez detidos, entre os 31 e os 49 anos, há três polícias. Fonte da PJ explicou ao Observador que nem todos eram seguranças. Entre os detidos poderá haver também empresários da noite. Segundo a mesma fonte, só sete destes suspeitos era alvo de um mandado de detenção, os outros três foram detidos no local da operação por posse ilegal de arma. Os três polícias, um da GNR e dois da PSP, eram, no entanto, investigados pela PJ desde o início da investigação e terão sido detidos pelos próprios colegas da GNR e da PSP numa ação concertada com a Polícia Judiciária.

“Esta investigação foi desencadeada depois da denúncia do exercício de segurança privada ilegal em estabelecimentos noturnos e da prática, por parte dos seguranças, de crimes de ameaça, coação, ofensa à integridade física grave e sequestro relativamente a clientes desses espaços”, diz PJ.

Sem especificar qual o papel de cada um dos suspeitos, a mesma fonte disse que o caso nada tem a ver “com as mais recentes notícias de uma discoteca de Lisboa” — referindo-se à discoteca Urban, encerrada depois de vários episódios de violência ali registados. “Este caso já estava a ser investigado há muito tempo, salientou.

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A PJ refere ainda que no decorrer da investigação foram encontrados crimes de tráfico de armas, cujo procedimento está ainda a ser analisado pelos investigadores. Durante a operação, efetuada com a colaboração da PSP e da GNR, foram cumpridas dezasseis buscas domiciliárias e não domiciliárias, e apreendidos “relevantes elementos de prova”. A operação decorreu nas manhãs desta terça e quarta-feira em vários locais, embora tenha incidido na zona oeste.

O militar da GNR e um dos elementos da PSP detidos prestavam serviço na zona de Torres Vedras. Já o outro elemento da PSP prestava serviço no Comando da Guarda, era naquela cidade que vivia e ali foi detido. Os três vão ser alvo de um processo disciplinar aberto pelo Comando Geral da GNR e pela Direção Nacional da PSP.

Os detidos vão ser presentes ao Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa.