Angela Merkel está apostada em evitar a realização de novas eleições gerais na Alemanha e pretende prosseguir negociações com o objetivo de superar o atual impasse político e constituir um governo. A mensagem foi transmitida neste sábado pela chanceler germânica durante um encontro com membros da CDU, o partido democrata-cristão de Merkel, evento que decorreu na estância báltica de Kuehlungsborn.

Após o fracasso na tentativa de chegar a um consenso para a formação de um governo integrado pelos democratas-cristãos, liberais e verdes, começou a tomar forma no horizonte a possibilidade de os eleitores virem a ser chamados a votar pela segunda vez desde setembro passado. Mas Angela Merkel parece pouco disposta a aceitar esta solução e pretende aproveitar a abertura do SPD, liderado por Martin Schulz, para o desenho de uma solução que poderá passar pela reedição da “grande coligação” entre CDU e sociais-democratas que liderou os destinos da Alemanha durante os últimos quatro anos ou, no mínimo, por um acordo que garanta um apoio estável junto do parlamento.

Durante a intervenção deste sábado, Angela Merkel manifestou a vontade de constituir um novo governo no mais breve prazo e, sobre a hipótese de novas eleições, foi clara. “As pessoas votaram”, afirmou, antes de acrescentar não ser favorável a que os eleitores votem novamente. “A Europa precisa de uma Alemanha forte, por isto, é desejável encontrar rapidamente um governo”, disse a chanceler.

O SPD mostrou-se disponível, nesta sexta-feira, para entrar num processo de negociações com a CDU, na condição de Angela Merkel apresentar “propostas convincentes”. Ambos os partidos, mas mais os democratas-cristãos do que os sociais-democratas, receiam que um novo ato eleitoral possa resultar num reforço da extrema-direita da Alternativa para a Alemanha que, em setembro, captou mais de 12% dos votos. Tratou-se da primeira vez, desde a Segunda Guerra Mundial, que uma organização de extrema-direita conseguiu conquistar uma representação no parlamento. A CDU caiu para 33% e o SPD recuou para 20,5%, niveis historicamente baixos para qualquer um dos partidos.

Niels Annen, dirigente do SPD, afirmou, no final da semana, que “a Alemanha precisa urgentemente de um governo previsivel e confiável” e que “uma grande coligação pode ser uma opção, não podemos excluí-la”. Também na sexta-feira, Martin Schulz recuou em relação à recusa de voltar a integrar uma “grande coligação”, posição assumida logo após terem sido conhecidos os resultados eleitorais de setembro e o fraco desempenho do partido que o ex-presidente do Parlamento Europeu lidera. “Não temos uma crise de governo, mas a Alemanha está numa situação complicada”, afirmou Schulz, depois de o presidente do país, Frank-Walter Steinmeier, ter feito um apelo para a abertura de negociações tendentes à formação de um governo.

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