Na hora de planear a tese de doutoramento o estudante pode ter tendência para “esquecer a realidade” e perder-se no meio de tantas teorias por explorar. O software Idea Puzzle ajuda a desenhar o projeto de investigação.

Para Ricardo Morais, criador desta ideia e professor de Gestão na Católica Porto Business School, a Internet revolucionou a forma como nos relacionamos com o conhecimento. Vivemos num oceano muito vasto de informação. “Dos 2,5 milhões de artigos científicos publicados, todos os anos, há muitos que nem sequer são lidos. A Internet foi um verdadeiro meteorito na área académica. Provocou um tsunami na ciência. É necessário lidar com esta nova realidade.”

Para criar o Idea Puzzle, Ricardo Morais inspirou-se na sua própria experiência quando esteve a realizar a tese de doutoramento na Finlândia, na viragem do milénio. “Fui orientado por excelentes professores, mas confrontei-me com o facto do processo de concepção da tese de doutoramento não ser suficientemente explícito e senti falta de um mapa que permitisse ter uma bússola mais precisa do caminho a seguir”, explica o primeiro português a doutorar-se em Ciências Sociais naquele país do Norte da Europa.

As 21 questões para o sucesso

O objetivo do Idea Puzzle, que se baseia num conjunto de 21 questões, é ajudar a uma tomada de decisão mais consciente no desenho da investigação, permitindo clarificar ideias.

No total, cinco questões relacionam-se com a revisão da literatura académica, outras cinco com o método de investigação e mais cinco baseiam-se na amostra da realidade, formando-se um triângulo fundamental para levar os trabalhos de investigação a bom porto. O software engloba ainda três questões retóricas, relacionadas com a forma como devemos comunicar e mais três relativas ao Curriculum Vitae. “O projeto pode ser fantástico, mas tem de estar de acordo com o CV. Para obtermos bons resultados é importante que as nossas escolhas assentem naquilo que somos melhores”, sublinha Ricardo Morais.

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Os prémios Santander Universidades Idea Puzzle para os melhores

Foi para recompensar a melhor arquitetura de teses de doutoramento com o software Idea Puzzle que nasceu, em 2012, um prémio apoiado pelo Santander Universidades.

“O método das 21 decisões do Idea Puzzle permitiu-me consolidar os diversos aspetos que constituíam a minha investigação e compreender as relações entre eles, nomeadamente em termos de metodologia”, refere Catarina Lélis, que venceu a 1ª edição do Prémio Santander Universidades Idea Puzzle, com uma investigação sobre a valorização partilhada de marcas desenvolvida na Universidade de Aveiro.

A 6ª edição, que decorreu este ano, englobou pela primeira vez uma vertente internacional e recebeu 17 candidaturas, superando todos os recordes. A distinção 2017 foi atribuída, no mês de novembro, às teses de doutoramento da portuguesa Sara Soares com uma investigação sobre as “Consequências Biológicas da Exposição à Adversidade Social na Infância” e do venezuelano Leonardo La Rosa com “O Jornalismo de Dados em Espanha”, desenvolvidas nas universidades do Porto e Carlos III, em Madrid, respetivamente. Cada um dos investigadores recebeu mil euros.

Idea Puzzle: O modelo do século XXI

O Idea Puzzle, que está agora a comemorar uma década de vida, foi concebido como um modelo do século XXI, com a ajuda de especialistas informáticos que para além do próprio software implementaram o site que conta com a experiência do mentor Ricardo Morais. O professor já participou em mais de 230 seminários com mais de seis mil académicos em 14 países para dar o conhecer a importância de ter um “enfoque” muito forte quando se está a desenvolver um trabalho de investigação.

O apoio do Santander Totta ao Idea Puzzle é, segundo o docente de Gestão, fundamental. “O Santander Totta é um ícone no apoio às universidades. É o banco que mais investe nas universidades a nível mundial e no que respeita aos doutoramentos a aposta não é na quantidade, mas na qualidade. A investigação é o motor do investimento de um país. Em Portugal, existem cerca de 30 mil pessoas com doutoramento, um número que teve um grande progresso desde que me doutorei no início do século, quando éramos apenas 1o.000.”