O primeiro-ministro, António Costa, salientou quinta-feira que a candidatura portuguesa à presidência do Eurogrupo procura estabelecer consensos e “reunir todos” à volta dos desafios que a moeda única europeia enfrenta e das reformas de que precisa. “A nossa lógica é de ajudar a contribuir para o consenso, reunir todos”, disse António Costa aos jornalistas, à margem da cimeira entre a União Europeia e a União Africana, que termina esta quinta-feira em Abidjan, na Costa do Marfim.

A zona euro sofreu muitas divisões nos últimos anos, entre famílias políticas e de diferentes regiões, e precisamos de uma Europa mais unida e mais forte, e estamos numa posição privilegiada de contribuir para isso”, disse António Costa.

Nos últimos dois dias, o primeiro-ministro tem-se desdobrado em encontros bilaterais com alguns líderes europeus, à margem da cimeira, tentando garantir apoios para a candidatura do ministro das Finanças português. “Nos contactos prévios que estabelecemos confirmámos que os governos das mais diversas famílias políticas e zonas geográficas da Europa reconhecem na candidatura portuguesa as condições adequadas”, acrescentou o primeiro-ministro.

O Governo português apresentou esta manhã a candidatura de Mário Centeno à presidência do Eurogrupo. “Julgamos que reunimos um bom lote de apoios e boas condições para apresentar uma postura construtiva para fazer as reformas necessárias na zona euro, completar a união económica e monetária, e que também ajude a ultrapassar as divisões que tivemos no passado e que agora, nesta fase de mudança e construção do futuro da Europa, possamos também dar esse contributo”, salientou o chefe do Governo português.

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Questionado sobre o grau de probabilidade da vitória de Mário Centeno na votação de segunda-feira, António Costa gracejou que “prognósticos só se fazem depois da votação”, mas mostrou “confiança nesta candidatura” e a “certeza de que é boa para o conjunto da Europa e da zona euro”.

Ministra da Presidência: “Não é incompatível”

Já a ministra da Presidência defendeu esta quinta-feira que a eventual eleição de Mário Centeno representará um reforço da visão europeia que combina solidariedade e crescimento com equilíbrio das finanças públicas.

Maria Manuel Leitão Marques falava no final do Conselho de Ministros, depois de questionada sobre o cenário de a eleição de Mário Centeno para o cargo de presidente do Eurogrupo passar a inibir o Governo português de defender uma linha mais flexível em matéria de disciplina orçamental na zona euro.

“Ao longo destes dois anos, o ministro Mário Centeno demonstrou que sabia combinar políticas de apoio ao crescimento económico com políticas que preservam o equilíbrio das finanças públicas. Se vier a ser eleito presidente do Eurogrupo, será uma vitória desta visão da Europa, onde não está sozinho — uma Europa que seja mais solidária, atenta ao emprego e ao crescimento económico, sem prejuízo do equilíbrio das finanças públicas”, respondeu a titular da pasta da Presidência.

Maria Manuel Leitão Marques adiantou que a candidatura de Mário Centeno ao cargo de presidente do Eurogrupo, cuja eleição está prevista para segunda-feira, “não foi objeto de discussão em Conselho de Ministros” e que o ministro das Finanças não esteve presente na reunião.

“Estamos contentes com esta candidatura, consideramos que reconhece o mérito do nosso ministro das Finanças. No caso de ser aprovada, não será incompatível (bem pelo contrário) com o exercício do cargo de titular da pasta das Finanças do Governo português”, disse ainda Maria Manuel Leitão Marques.

Interrogada se o Governo português está confiante no sucesso da candidatura do seu ministro das Finanças, Maria Manuel Leitão Marques afirmou apenas que o Governo português considera que Mário Centeno “é um candidato forte”.

“Mas vitórias só acontecem no final do jogo. A decisão final será tomada na segunda-feira em reunião dos ministros das Finanças do Eurogrupo. A cimeira de chefes de Estado e de Governo tomará nota a 15 de dezembro e o início de funções terá lugar a partir de 1 de janeiro”, acrescentou.