O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, disse esta quinta-feira que o número de pessoas a viver em campos de refugiados na Líbia, muitas vezes em “condições desumanas”, pode chegar aos 700 mil.

Numa intervenção no final da cimeira entre a União Europeia e a União Africana, que esta quinta-feira terminou em Abidjan, e que foi muito marcada pela questão das migrações, Mahamat disse que só num campo em Tripoli havia 3.800 migrantes a precisarem de ser retirados tão depressa quanto possível.

“E isso é só num campo”, vincou o líder da União Africana, salientando que “o Governo da Líbia disse que há 42 campos”, sendo que alguns destes albergam ainda mais pessoas.

A Organização Internacional das Migrações diz que mais de 423 mil migrantes, a maioria dos quais africanos, foram identificados na Líbia, um país mergulhado numa profunda instabilidade política e procurado por migrantes que tentam atravessar o Mediterrâneo para a Europa.

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O secretário de Estado das Comunidades da Guiné-Bissau, Dino Seidi, confirmou esta quinta-feira que há cidadãos guineenses na Líbia e que o Governo está a criar condições para o seu repatriamento.

“Nós estamos a ser confrontados com uma situação de salvar vidas. Lá as pessoas não dizem sou guineense, queniano ou senegalês. Temos uma nota da OIM (Organização Internacional das Migrações) da Líbia, que diz que não há guineenses, mas nós sabemos que estão lá”, afirmou Dino Seide, sem avançar com números.

O secretário de Estado das Comunidades disse que vão ser criadas “condições objetivas” para que as pessoas possam ser repatriadas.

“Essas condições passam por um processo de identificação e posteriormente o repatriamento”, disse, explicando que brevemente vai ser deslocada uma missão à Líbia para fazer esse trabalho.

“É preciso pôr alguém no terreno para fazer este trabalho, nós não temos representação diplomática na Líbia e as associações de guineenses locais não estão a funcionar e temos estado a fazer contactos esporádicos”, acrescentou.

Nas declarações aos jornalistas, o secretário de Estado das Comunidades mostrou a carta da OIM enviada ao Governo em que a organização refere que não há guineenses na Líbia.

No entanto, o próprio Governo guineense e vários jornalistas locais têm estado em contacto com pessoas que lá vivem.

Esta quinta-feira, em conferência de imprensa, o encarregado de Negócios da Embaixada da Líbia em Bissau, Fathi Tabawi, disse não saber se “existem guineenses” no seu país.

“Não temos informação sobre o assunto. Mas a Líbia é um local bastante frequentado por africanos e, caso haja, a embaixada vai comunicar ao Governo guineense”, afirmou.

O representante diplomático pediu também às pessoas que tenham informação fiável sobre a presença de guineenses na Líbia para informarem a embaixada.