Três ex-quadros da Lafarge, a cimenteira francesa que é também uma das maiores do mundo, foram arguidos num caso onde são suspeitos de terem feito negócios com grupos terroristas na Síria, entre os quais o Estado Islâmico, entre 2011 e 2014.

Segundo o jornal Canard Enchaîné, a cimenteira terá transferido um total de 5,56 milhões de dólares (4,67 milhões de euros, à taxa de câmbio atual) para grupos terroristas. Destes, mais de 500 mil dólares terão sido transferidos diretamente para o Estado Islâmico.

Em causa, está uma fábrica da Lafarge em Jalabiya, no Norte da Síria. Apesar da guerra que assola aquele país desde 2011, a fábrica conseguiu continuar em funcionamento. A troco de pagamentos periódicos, os terroristas terão permitido que a produção da Lafarge não fosse interrompida e que os seus funcionários não estivessem em perigo. A cimenteira francesa foi acionista da Cimpor na década passada.

Os três ex-funcionários foram constituídos arguidos em França pelos crimes de financiamento de terrorismo, colocação de outrem em perigo e também de violação de regulação europeia, caso se confirmem as suspeitas de terem violado o embargo da União Europeia ao petróleo sírio.

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Em fevereiro, um dos três ex-quadros, Bruno Pescheux, admitiu que pagou a grupos terroristas para garantir a segurança dos seus funcionários. Segundo aquela confissão, os pagamentos terão sido feitos através de um intermediário, Firas Tlass. “O nosso parceiro local, o senhor Tlass, discutiu com as fações rebeldes o pagamento de uma pequena quantia para que os nossos empregados não sejam assediados nos pontos de passagem”, disse à altura.

No mesmo interrogatório, admitiu que pagava 20 mil dólares ao Estado Islâmico por mês.

“Não queríamos deixar a fábrica ao abandono e arriscar que ela fosse canibalizada”, disse Bruno Pescheux em fevereiro.