O futuro vai ser eléctrico, pelo menos no que respeita aos automóveis. Há quem goste da ideia e não falta quem a deteste, mas uns e outros estão condenados a andar em carros movidos a electricidade, ou então a pé, opção que faz maravilhas à saúde. A propósito de saúde, muito se fala dos problemas que os veículos accionados por motores eléctricos de grande potência, alimentados por baterias cada vez maiores, muitas delas a oferecer uma capacidade superior ao que uma família gasta por mês, podem provocar no ser humano. Mas será que existe mesmo um perigo?

É indiscutível que uma corrente eléctrica passando por um condutor – e quanto mais forte for, mais evidente se torna o fenómeno –, cria um campo electromagnético em seu redor. A situação é tão mais evidente quanto os motores não param de aumentar a respectiva potência, da mesma forma que as baterias não cessam de incrementar a sua capacidade. Mas a questão que se coloca é saber até que ponto ainda continuamos dentro dos limites da segurança, no que respeita à saúde pública, ou se esses limites estão a ser ultrapassados, especialmente pelos veículos mais modernos e possantes. A suspeita é ainda mais problemática se em causa estiverem aqueles condutores e passageiros que sofrem do coração, ou recorrem a pacemakers para regular o ritmo cardíaco.

Para responder a estas questões, o Good Samaritan Hospital de Dayton, no Ohio, elaborou um estudo, destinado a avaliar os riscos que os veículos eléctricos colocam a utilizadores com problemas cardíacos. Liderado por Abdul Wase e Thein Tun Aung, o estudo analisou o Tesla Model S P90D, por ser um dos mais potentes do mercado e com uma das maiores baterias (90 kWh) e expôs 34 voluntários (26 homens e 8 mulheres) com uma média de idades a rondar os 69 anos, todos eles a usar pacemakers, e todos ligados a equipamentos de diagnóstico, capazes de detectar a mínima interferência, electromagnética ou qualquer outra.

Se quando o veículo está parado, ou em andamento, não é de esperar o mínimo distúrbio, já o mesmo não acontece quando as baterias estão a ser recarregadas. O estudo do hospital de Dayton concentrou-se na fase de carga lenta das baterias, ligadas a uma tomada de 220V, posicionando os 34 voluntários dentro e fora do veículo, cobrindo todas as posições possíveis (mais próximo e mais longe da fonte de energia), tentando determinar quais os sujeitos mais expostos a forças electromagnéticas. Para “ajudar”, os pacemakers foram regulados para o máximo de sensibilidade, mas mesmo assim nenhum sensor conseguiu captar a mínima interferência. Pena que os técnicos não tenham avaliado o que acontece quando a bateria é carregada num posto de carga rápida, ou até mesmo através de um supercarregador (a Tesla utiliza 150 kWh, mas o Mission-E vai recorrer a 350 kWh). Até lá, o melhor é ir tomar um café enquanto carrega a bateria. Não vá o diabo tecê-las…

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