O Senado norte-americano aprovou na madrugada deste sábado aquela que deverá vir a ser a maior reforma fiscal nos Estados Unidos dos últimos 30 anos, com os republicanos a aprovarem um pacote que se traduzirá em alívio fiscal para várias empresas e para os norte-americanos de rendimentos mais elevados.

A reforma representa uma vitória política para Donald Trump, já que era uma das suas promessas eleitorais. “Estamos mais próximos de conseguir uma redução de impostos MASSIVA para as famílias americanas”, escreveu o Presidente no Twitter.

Um outro projeto de lei já tinha sido aprovado na Câmara dos Representantes e os dois diplomas terão agora de ser harmonizados numa só proposta. Esta necessitará depois da assinatura de Trump, que deverá fazê-lo ainda antes do Natal. A reforma foi aprovada no Senado com 51 votos a favor e 49 contra, tendo apenas senadores republicanos votado a favor das medidas. “É um grande dia para o país”, reagiu Mitch McConnell, líder do Partido Republicano na câmara alta.

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A votação decorreu com alguns incidentes e os democratas criticaram a rapidez do processo — uma versão alterada da proposta de lei, “com 479 páginas e anotações escritas à mão nas margens” segundo o jornal The Guardian, foi votada durante a noite.

As propostas são sobretudo relacionadas com alívio de impostos para empresas e para os cidadãos com rendimentos mais elevados. A título de exemplo, o IRC será reduzido dos 35% para os 20% e os lucros obtidos no estrangeiro por empresas com sede fiscal nos EUA serão na sua maioria livres de impostos. As medidas representam um aumento da dívida em 1,4 biliões de dólares nos próximos dez anos, segundo garante a agência Reuters. Um aumento que, escreve a agência, serve para “financiar alterações que, dizem os republicanos, irão estimular ainda mais uma economia em crescimento”.

Depois do falhanço do Obamacare, uma vitória para Trump

A reforma representa uma medida histórica, já que não havia alterações fiscais com esta envergadura desde 1986, como relembrou Paul Ryan, presidente da Câmara dos Representantes.

A unanimidade foi conseguida em parte pelo facto de os republicanos necessitarem de boas notícias antes das eleições intercalares de 2018, com o chumbo da revogação do Obamacare ainda a pairar sobre o seu eleitorado. “Outro falhanço teria levado a uma revolta entre os grandes financiadores do partido e os eleitores tradicionalmente ligados aos negócios”, ilustrou o correspondente da BBC em Washington, Anthony Zurcher. A aprovação representa igualmente uma vitória para Donald Trump, que consegue assim avançar através do Congresso com uma das suas bandeiras eleitorais.

Desta vez, esta reforma foi não só aprovada pelo Senado, como apenas contou com o voto contra de um republicano, Bob Corker. Corker, conhecido por ser um fervoroso defensor do equilíbrio das contas públicas, criticou uma reforma que aumentará a dívida dos Estados Unidos: “Não posso ignorar as minhas preocupações fiscais e votar a favor de uma legislação que pode agravar o fardo da dívida para as gerações futuras”, disse.