A “asneira da semana”. Foi assim que Luís Marques Mendes definiu o recuo do Partido Socialista face à decisão de taxar extraordinariamente os produtores de energias renováveis. A medida tinha sido previamente acordada com o Bloco de Esquerda, mas, à última hora, o Governo mudou de ideias e o PS alterou o seu sentido de voto.

O que mudou em poucas horas? António Costa travou a nova taxa sobre as renováveis

O acordo, que teria sido alcançado entre o BE e a secretaria de Estado da Energia, caiu depois de o primeiro-ministro António Costa ter tido conhecimento, o que levou o partido a mudar o seu sentido de voto, disse Marques Mendes no seu espaço de comentário na SIC. Uma situação que, para o comentador, revela uma gestão política “caótica” e torna claro o “defeito de fabrico” deste Governo: “Não tem um verdadeiro número dois, com peso político e influência, capaz de substituir o primeiro-ministro.”

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Apesar de estar contra a proposta, porque iria mudar regras contratadas com investidores, Marques Mendes admitiu que o BE “tem razão” em queixar-se contra a forma como o PS se comportou. Contudo, considera que a “asneira” revelou também que, apesar de tudo, a “geringonça” se mantém firme. “Se um dos parceiros quisesse deitar o Governo abaixo tinha agora um pretexto com o Orçamento do Estado: o PCP tinha o descongelamento das carreiras, o BE este das elétricas”, disse. “Mas têm medo de que quem abra uma crise seja penalizado pelos eleitores”, resumiu, prevendo que o OE de 2019 será aprovado, embora com mais resistência dos partidos da esquerda.

Centeno no Eurogrupo. Marques Mendes admite que se enganou quando falou no 1 de abril

Marque Mendes comentou ainda a candidatura de Mário Centeno ao Eurogrupo.”Digo sem margem para dúvidas que é bom para Portugal, sem ‘mas’ nenhum”, declarou. Assumindo que se enganou quando, em abril, classificou as primeiras notícias sobre uma candidatura portuguesa à liderança do Eurogrupo como “uma mentira de 1º de abril”, Marques Mendes felicitou Centeno por aquilo que considerou uma “vitória pessoal” para o ministro.

“É prestigiante. Um país que há três anos era conhecido por estar sob resgate… É uma grande reviravolta”, disse Marques Mendes. O comentador previu ainda que uma presidência do Eurogrupo pelo ministro das Finanças português pode contribuir para ter “intervenção ativa” na reforma da zona euro e pode ainda funcionar como “uma válvula de segurança, no sentido de maior disciplina orçamental em Portugal”.