Elton John, McDonald’s, fatos passados a ferro a vapor e gritos. Muitos gritos. Este poderia ser um curto resumo daquilo que foi a campanha presidencial de Donald Trump. Corey Lewandowski, que acabou por ser demitido de gestor da campanha, e David Bossie, outro assessor de topo, escreveram o livro “Let Trump Be Trump” (que se poderia traduzir como “deixem Trump ser Trump”), em que descrevem o dia a dia do agora Presidente dos Estados Unidos da América.

O Washington Post conta que os dois autores começam por explicar o nome do livro: “Mais cedo ou mais tarde, toda a gente que trabalha para Donald Trump vai ver um lado dele que faz pensar porque é que aceitaram sequer este emprego. A ira dele nunca tem como objetivo uma ofensa pessoal, mas às vezes é difícil não a levar como tal”, revelam Lewandowski e Bossie, acrescentando que “a maneira como ele fica quando as coisas não estão a correr bem pode parecer um ataque; quebra os homens e as mulheres mais fortes em bocadinhos pequeninos”.

Apesar de relatar episódios pouco elogiosos para Donald Trump, Corey Lewandowski acaba por declarar uma enorme admiração pelo antigo patrão. Mas entre parágrafos de louvor, abre uma janela que permite ver o homem implacável e duro que hoje é Presidente norte-americano. “Houve um dia em que eu estava tão doente, com febre, que adormeci no avião. Ele acordou-me e disse ‘Corey, se tu não consegues, nós arranjamos outra pessoa'”, conta o antigo gestor de campanha. Outro dos pormenores destacado pelos dois autores é o gosto musical de Trump – que pode ser algo surpreendente. “Estava sempre a tocar Elton John, tão alto que nem conseguíamos ouvir-nos pensar”, recordam.

Grande parte de “Let Trump Be Trump” é dedicada aos hábitos alimentares do Presidente. No livro, o presidente é descrito como um germofóbico que “não come nada de pacotes que já estejam abertos”. A dieta é simples: fast food e refrigerantes.

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No Trump Force One existiam quatro grandes grupos de comida: McDonald’s, KFC, pizza e Coca-Cola light. Os armários do avião estavam cheios de biscoitos, pacotes de batatas fritas, pretzels e muitos pacotes de Oreo. O jantar era quase sempre o mesmo: dois Big Macs, dois McFish e um batido de chocolate”, recordam os dois assessores.

Uma das personagens mais vezes referida em “Let Trump Be Trump” é Hope Hicks, a antiga porta-voz da campanha que foi recentemente promovida a diretora de comunicação da Casa Branca. Hicks é descrita como “uma atleta competitiva e ex-modelo, inteligente e privada, com uma memória quase fotográfica”. Mas não eram as capacidades comunicativas da porta-voz que Donald Trump mais apreciava. De acordo com os dois assessores, Hope Hicks passava com ferro a vapor todos os fatos do candidato republicano – enquanto ele os tinha vestidos. Ele gritava “vai buscar a máquina!, e ela ia a correr”, escreve Corey Lewandowski.

Noutro episódio caricato, os dois antigos assessores relembram o dia em que Donald Trump decidiu deixar um membro do staff para trás – no McDonald’s – porque “o pedido especial estava a demorar demasiado tempo”. “Deixem-no. Vamos embora”, disse o presidente.

Corey Lewandowski e David Bossie terminam o livro com uma frase que resume toda a campanha presidencial de Donald Trump vivida na primeira pessoa: “Todos tivemos momentos em que nos queríamos atirar do avião. Mas habituámo-nos”.