Até é possível – e altamente provável – que dentro de uns anos exista uma série de construtores capazes de se bater e até ultrapassar a Tesla, tanto em matéria de sistemas de ajudas ao condutor, como de potencial enquanto veículo eléctrico. Mas há algo que ninguém vai poder rivalizar com o construtor americano: fabricar o primeiro automóvel a ir ao espaço e, se tudo correr bem, voar até Marte.

Depois de provar que era capaz de criar, a partir do zero, o melhor automóvel eléctrico da actualidade e montar a mais competitiva empresa ligada à construção e lançamento de foguetões, Elon Musk tem outro desafio pela frente, que faz sonhar os amantes da tecnologia: visitar Marte e lá estabelecer uma colónia. Depois de há muito voar com os já testados Falcon 1 e Falcon 9, a SpaceX prepara-se agora para lançar, em Janeiro, o seu primeiro Falcon Heavy, concebido para voar até Marte e transportar uma carga considerável.

Este é um voo experimental muito complexo para a SpaceX, onde tudo pode acontecer. Quem não se lembra da quantidade de foguetões que explodiram durante o lançamento, quando americanos e soviéticos de digladiavam durante os anos 60, em que a conquista espacial era o tema do momento? Na altura, o destino era apenas a Lua, não Marte, sendo que enquanto o satélite da Terra se encontra a uma distância média de 384 mil quilómetros do nosso planeta, Marte está a 78 milhões de quilómetros. Isto é, cerca de 203 vezes mais longe.

Além da estreia do novo foguetão, outra curiosidade reside na carga que o Falcon Heavy vai transportar. Entre o muito equipamento para análise e medições do voo, o maior dos foguetões até aqui fabricado pela empresa aeroespacial de Musk vai levar para o espaço um Tesla Roadster. Não o novo Roadster, de que ainda só foram construídos uns quantos protótipos, mas sim o da primeira geração, fabricado entre 2006 e 2011 e que foi o modelo que lançou a Tesla, do qual foram produzidas 2.600 unidades.

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Na essência, o primeiro Roadster era um chassi do Lotus Elise, muito leve e eficaz, que a Tesla depois electrificava, montando uma bateria e um motor de 292 cv, que lhe permitia atingir 212 km/h e os 100 km/h em somente 3,7 segundos.

Como é habitual em Elon Musk, há sempre umas reviravoltas e surpresas em tudo o que faz, pelo que esta ida a Marte, com um Tesla no porão de carga, não é excepção. O Roadster é vermelho, segundo ele, o tom ideal para visitar o planeta vermelho, e o lançamento vai acontecer ao som da canção Space Oddity, de David Bowie, que conta a história ficcionada do Major Tom, um astronauta em viagem espacial. A música, incluída nas 500 melhores canções do Rock and Roll Hall of Fame, foi lançada apenas cinco dias antes da nave americana Apollo 11 descolar de Cape Canaveral e se tornar no primeiro veículo tripulado a alunar, após cinco dias de viagem. Curiosamente, o Falcon Heavy com o Tesla Roadster vermelho lá dentro vai descolar da mesma plataforma usada em 1969 pela Apollo 11. Musk prevê que “o Roadster se mantenha no espaço durante mil milhões de anos, ou mais, isto se não se desintegrar na descolagem”. Se correr tudo bem, este Roadster pode muito bem tornar-se no automóvel usado mais valioso da história. O difícil vai ser deitar-lhe a mão.