Era imperativo vencer. Um imperativo de honra. A participação do Benfica foi desastrada, quase vergonhosa ou mesmo vergonhosa, um embaraço. Sim, era imperativo vencer o Basileia para que o que fora mau não piorasse. É que qualquer resultado que não a vitória faria desta participação a pior de que há memória de um clube nacional na Liga dos Campeões.

Esperava-se alma até Almeida – num daqueles jogos que pouco valia em pontos mas tudo vale em orgulho. Mas Vitória, o treinador, não decidiu assim. Ao invés, escolheu rodar, rodou, tanto rodou que apenas dois jogadores resistiram do onze que empatou no Dragão. Correu-lhe mal.

E faltou quase tudo agora, como quase tudo faltou antes, seja o onze mais de suplentes ou de titulares. Faltou organização. Da defesa ao ataque. Ninguém sabe ao certo o que fazer quanto há bola – e o Benfica teve-a mais na primeira parte. E muito menos sabe o que fazer quando não há – os golos são disso o perfeito exemplo. Tudo um trouxe-mouxe. Uma pobreza “vitoriana”.

E a honra? O orgulho? Não houve.

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Benfica-Basileia, 0-2

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Gil Manzano

Benfica: Svilar; Douglas, Lisandro López, Jardel e Eliseu; Samaris (André Almeida, 74’), Pizzi (Gabriel Barbosa, 74’) e João Carvalho; Zivkovic, Diogo Gonçalves (Jonas, 62’) e Seferovic

Suplentes não utilizados: Bruno Varela, Luisão, Rafa e Jiménez

Treinador: Rui Vitória

Basileia: Vaclik; Suchy, Akanji e Balanta; Lang, Xhaka, Zuffi e Petretta (Riveros, 82’); Steffen, Elyounoussi e Oberlin (Kevin Bua, 88’)

Suplentes não utilizados: Salvi, FRansson, Ajeti, Manzambi e Itten

Treinador: Raphaël Wicky

Golos: Elyounoussi (5’) e Oberlin (65’)

Ação disciplinar: Cartão amarelo para Xhaka (8’), Akanji (62’), Samaris (68’) e Petretta (75’)

Logo aos cinco minutos, Douglas devia ter acompanhado Elyounoussi (avançado que vinha da esquerda para o centro) e não acompanhou. Lang cruzou desde a direita e, na grande área, o norueguês do Basileia cabeceou à vontade, batendo Svilar.

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Não espantou o primeiro golo. Nem espantariam mais.

O Basileia recuava, aproximava o meio-campo da defesa e o ataque do meio-campo, deixava o Benfica ter bola, recriar-se, e sereno, sem pressionar, aguardava o erro dos “encarnados”. Mas era perigoso. Ou incómodo. É que cada vez que recuperava a bola (na maior parte das vezes, mais do que “recuperar”, era o Benfica quem a perderia) saía em contra-ataque. E quando saía, era um a ver se te avias. Lang, Elyounoussi e Oberlin, sobretudo estes, eram autênticas “setas” apontadas à baliza.

O Benfica só reagiu, com perigo, através de canto. Sempre de canto. Primeiro ao minuto 20. Canto curto à direita, Zivkovic toca para Pizzi a seu lado, o português cruza para a pequena área e Jardel, sozinho, cabeceia sem direção. Depois, mesmo antes do intervalo, no último minuto, outra vez canto, outra vez Zivkovic a bater, bateu-o à direita e para o primeiro poste, Eliseu saltou sozinho (na verdade, quase não precisou de saltar) e cabeceou. Houve direção, sim. Mas Vaclik segurou sem esforço.

Esperar-se-ia mais Benfica no recomeço. E logo cinco minutos após este, o sempre sereno Samaris “endoideceu”, desata a correr meio-campo adentro — e isso não é algo que se lhe veja habitualmente —, driblaria um e outro suíço, driblaria todos, até que entrado na grande área cruzou atrasado. João Carvalho desviou mas erraria (por muito!) a baliza do Basileia.

E quanto ao Benfica, à reação do Benfica à derrota que então sofria, ao orgulho que importava resgatar, acabou naquele remate enviesado de Carvalho, cinco minutos após intervalo. Tudo era sofrível. Tristonho. Até ridículo. E o segundo do Basileia não tardaria. Foi ao minuto 65. Livre à esquerda, ainda distante da área, Zuffi bateu-o longo lá para dentro, Manuel Akanji salta mais alto que Lisandro, amortece e Oberlin (Samaris não lhe seguiu a corrida) desviou à vontade de Svilar.

O Basileia tinha quatro remates até aqui. Os quatro com a direção certa, a da baliza. O Benfica havia tentado o remate por 16 vezes. Apenas um deles incomodou (pouco, é certo…) Vaclik. Está tudo dito.

Ou quase. Ao minuto 77, Jardel atrasa para Svilar, o guarda-redes do Benfica, mesmo tendo espaço de sobra, mesmo com linhas de passe à mão de semear, entrega a bola em Renato Steffen. O canhoto, isolado, rematou ao lado.