O Estado português adiou esta quarta-feira o reembolso de cerca de mil milhões de euros que teriam de ser pagos em 2019 e 2020. Este é o resultado da operação de troca de dívida promovida pelo IGCP, que permite poupar nos juros mas, sobretudo, alongar maturidades da dívida pública e aliviar as necessidades de reembolso de dívida nos anos mais próximos.

Sem se comprometer com montantes recomprados, à partida, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) recolheu 716 milhões de euros em dívida que vencia em 2019 e mais 323 milhões de euros, que teriam de ser reembolsados em 2020. Em troca, estes investidores receberam títulos com vencimento em 2022 ou obrigações com reembolso em 324 milhões, a preços e juros diferentes que coube aos investidores analisar e ao IGCP aceitar (ou rejeitar) propostas.

“Esta é uma operação em que o que menos conta são as taxas de juro”, explica Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa. “Do ponto de vista da República Portuguesa o objetivo desta operação foi o de alongar o prazo de reembolso: o esforço de amortização que estava previsto para 2019 e 2020 é adiado para 2022 e 2027”, acrescenta o especialista, em nota distribuída pelas redações.

A operação só faz sentido porque o juro que se ficará a pagar pela dívida nova é inferior ao juro médio da dívida portuguesa. Mas o juro da dívida emitida hoje não deve ser comparado com o juro da dívida que sai do mercado, uma vez que os prazos são diferentes. No fundo, o que interessa aqui é que o Estado consegue estender o prazo da dívida, num momento em que as taxas de juro estão historicamente baixas”

Os montantes globais emitidos na nova dívida correspondem aos montantes globais comprados, ainda que não haja uma correspondência direta entre que títulos cada investidor vendeu e quais comprou. Não havia um objetivo quanto aos montantes a trocar já que o Estado apenas iria emitir nova dívida consoante as ordens que recebesse de intenções de troca.

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