Os fundos de investimento internacionais que foram afetados pela passagem de obrigações do Novo Banco para o banco mau no final de 2015 escreveram uma carta pública ao novo presidente do Eurogrupo.

Uns filhos, outros enteados na dívida do BES

Lembando que estão entre os investidores institucionais que foram “discriminados” pela decisão tomada pelo Banco de Portugal, os fundos BlackRock, PIMCO, River Birch Capital e York Capital Management apelam a Portugal que corrija o erro dessa decisão e continue a trabalhar para resolver os problemas de “desigualdade e falta de confiança que ainda afeta Portugal”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Invocam a entrevista de Mário Centeno ao Financial Times em que este diz que Portugal está muito empenhado no cumprimento das regras, deixando que terceiros observem e avaliem os resultados, para recordar, uma vez mais, que “em Dezembro de 2015, debaixo da sua supervisão, Portugal não cumpriu as regras. Nós enquanto investidores discriminados ainda estamos hoje a avaliar os resultados da decisão tomada pelo Banco de Portugal”. E, apesar do “desejo independente” de apoiar as instituições portuguesas, estes fundos recordam que boicotaram a emissão de obrigações do BCP, realizada na semana passada com sucesso.

E avisam Centeno: “As agências de rating podem ter esquecido os erros passados de Portugal, mas os investidores internacionais não esqueceram”.

A retransmissão no Novo Banco não afetou, apenas, fundos de pensões e aforradores individuais que investiram em vários dos nossos fundos. Deixou, também, uma mancha duradoura sobre a credibilidade de Portugal”

Os fundos sublinham ainda que se o novo presidente do Eurogrupo “quer ter sucesso na sua missão de promover a confiança na União Bancária e no investimento na zona euro, deve começar em casa”. Ou seja, corrigindo a decisão de 2015, na opinião dos fundos internacionais.

Este caso está relacionado com a decisão do Banco de Portugal, no final de 2015, ano e meio depois da resolução do BES, de voltar a passar algumas obrigações do Novo Banco para o BES “mau”, a entidade da qual foram extraídos os ativos e passivos vistos como saudáveis do banco que era liderado por Ricardo Salgado. Ao fazer alguns títulos regressar ao BES, onde passaram a ter muito menos probabilidades de reembolso do que se estivessem no Novo Banco, o Banco de Portugal escolheu alguns títulos de uma forma que os investidores consideram discriminatória e violando os princípios ligados à igualdade entre credores.