Como já aqui lhe explicámos, o ciclo de homologação NEDC (New European Driving Cycle), introduzido em 1992 e sem alterações desde 1997, deu lugar um novo método, denominado WLTP (Worldwide Harmonized Light-Duty Vehicles Test Procedures). Porquê? Desde logo, porque o NEDC já parecia mais um zombie da indústria automóvel do que propriamente uma fórmula fiável – entenda-se, em que os consumidores pudessem efectivamente confiar. O Dieselgate tornou ainda mais flagrantes as debilidades deste sistema de apuramento de consumos e emissões, pelo que se determinou a substituição desse ciclo por outro, mais próximo das condições reais de utilização.

Fim dos consumos irrealistas? WLTP entrou em vigor

O calendário de implementação do WLTP é progressivo, sendo agora este o novo procedimento de homologação. E que modelo foi à prova? O up! GTI.

Adeus NEDC, olá WLTP

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Todos os automóveis homologados até 31 de Agosto de 2017 continuam a ter as emissões e consumos segundo o NEDC. Homologações após o dia 1 de Setembro deste ano exibem os resultados segundo o WLTP e NEDC, ou seja, os construtores vão continuar a disponibilizar os consumos e emissões de CO2 segundo os dois métodos, mas a homologação de novos veículos passa a ser apenas de acordo com o novo ciclo.

A partir de 1 de Setembro de 2018, todos os veículos novos terão de ser certificados segundo o protocolo WLTP. Além disso, as emissões de óxidos de azoto serão medidas por um ciclo de condução na estrada, para verificar se não excedem os limites estabelecidos pela norma Euro 6 – ao qual é aplicado um “factor de correcção” de 2.1.

A versão mais picante do pequeno citadino monta um três cilindros 1.0 TSI sobrealimentado, com 115 cv de potência. Cortesia deste motor e de um peso-pluma, o up! vai de 0 a 100 km/h em 8,8 segundos, anunciando uma velocidade máxima de 196 km/h. Ora, segundo o ciclo NEDC, este Volkswagen consome uma média de 4,8 l/100 km, exigindo apenas 4.1 l/100 km em condições extra-urbanas e 6,0 l/100 km em utilização urbana.

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Já quando analisado à luz do protocolo WLTP, o citadino germânico registou um consumo médio de 5,7-5,6 l/100 km – dependendo do equipamento opcional –, e emissões médias de dióxido de carbono entre 129 e 127 g/km. Ou seja, um valor cerca de 17% superior ao resultante da homologação do veículo de acordo com o ciclo NEDC. Trata-se, por isso, de um “desvio” expectável, já que se sabe de antemão que o novo método conduz a resultados muito mais próximos da realidade do que os saídos do laboratório.

PSA. Condições reais aumentam consumo até 66%

Por outro lado, tendo presente os resultados WLTP já divulgados por outras marcas – recorde aqui o caso da Opel – estes 17% acima do NEDC quase que podem ser considerados um bom exemplo. Porquê? É a própria Federação Europeia para os Transportes e Ambiente, conhecida por Transport & Environment (T&E), que no seu mais recente estudo concluiu que a diferença entre o consumo homologado e o consumo que efectivamente se consegue obter em circunstâncias reais de utilização se situa, actualmente e em média, nos 42%. Sendo que não faltam casos de modelos/motorizações específicas em que o desfasamento excede mesmo os 50% – a discrepância chega aos 56% nos Mercedes Classe A e Classe E, segundo a T&E.