Carles Puigdemont está em Bruxelas desde 30 de outubro. Os primeiros dias foram frenéticos. Os jornalistas voaram para a capital belga à procura de fotos, declarações e pistas sobre o dia a dia do agora ex-presidente da Generalitat. Mas Puigdemont tinha dias calmos. “O meu quotidiano é muito monástico, muito recolhido, de muita disciplina e austeridade. Com muitos encontros, todos eles muito discretos, reuniões de trabalho e contactos com membros do Governo”, explicou em entrevista à TV3.

Quando o juiz belga decretou que Puigdemont e os conselheiros ficavam em liberdade, o presidente catalão destituído começou a dar entrevistas, a falar em público e, agora, a ser a cara da campanha do partido Juntos pela Catalunha.

Mas Carles Puigdemont fartou-se dos dias de reuniões, fechado dentro de quatro paredes – de hotéis e do apartamento que partilha com os conselheiros – e descobriu um novo refúgio. O antigo presidente catalão tem-se perdido no bosque Forêt de Soignes, uma imensa área de quase 5 mil hectares no sudeste de Bruxelas.

O El Mundo conta que em novembro, o jornalista Jurek Kuczkiewicz foi o escolhido pelo jornal belga Le Soir para entrevistar Puigdemont. Os assessores do catalão queriam uma envolvência diferente, ar livre, um background mais alegre. O jornalista não hesitou. Levou o entrevistado para Forêt de Soignes, mais especificamente para a zona que é conhecida como Arboretum de Tervurem, e Carles Puigdemont descobriu o seu novo lugar fetiche.

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Depois da entrevista ao Le Soir, o bosque tornou-se o local preferido do antigo presidente catalão. Além de se perder uma e outra vez entre as árvores de Forêt de Soignes, escolheu o lugar para outra entrevista: foi lá que respondeu às perguntas de Ricard Ustrell, no programa “Perguntas Frequentes” da TV3.

Há algo especial, neste momento em que as folhas caem de forma definitiva e as cores de alguma maneira evocam os bosques catalães. A Devesa de Girona, por exemplo, tem estas cores acastanhadas, amarelos torrados. Tem esta conexão que nos permite sentirmo-nos um pouco em casa”, confessou Carles Puigdemont à TV3.

Foi também ali que gravou o primeiro vídeo de campanha eleitoral pelo Juntos pela Catalunha. Enquanto caminha de costas entre as árvores do bosque, impulsiona o cidadãos a atuar. “Fala, canta, defende-te, imprime, sai à rua, cola coisas na janela, protesta. Veste-te de amarelo. Foi um referendo, será um país melhor”, diz Carles Puigdemont, rodeado das cores que o colocam – pelo menos em pensamento – na Catalunha.

Esta terça-feira, o juiz Pablo Llarena decidiu retirar o mandado internacional de detenção a Carles Puigdemont e aos quatro ex-conselheiros catalães que também estão na Bélgica. Os cinco membros destituídos da Generalitat vão ser julgados em Espanha pelos crimes de rebelião, sedição e desvio de fundos.