Os hospitais portugueses precisam de recorrer a médicos contratados à hora para assegurar o funcionamento das urgências durante o período do Natal e Ano Novo, escreve esta segunda-feira o Diário de Notícias, revelando que é no Centro Hospital do Algarve e no Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) que há maior necessidade de recorrer a médicos tarefeiros, pagando entre 20 e 24 euros por hora a estes clínicos.

De acordo com dados recolhidos pelo Diário de Notícias junto de empresas de prestações de serviços na área da saúde, a quem os hospitais recorrem para recrutar médicos tarefeiros para estes serviços, o Algarve é a região com maior necessidade de médicos nesta altura do ano. Há pedidos de médicos para os hospitais de Faro e de Portimão e para os serviços de urgência de Vila Real de Santo António, Albufeira e Loulé.

Nesta região, os pedidos de médicos tarefeiros são para turnos de 12 horas, com cada hora a ser paga a 20 euros. Mas a carência de médicos não é apenas nos dias de Natal e Ano Novo. Só na urgência do hospital de Faro há pedidos de médicos para assegurar turnos em 28 dias do mês de dezembro, revela ainda o Diário de Notícias.

Já o hospital Amadora-Sintra precisa de médicos externos sobretudo para a segunda metade do mês de dezembro, tendo publicado anúncios junto de empresas de prestação de serviços para turnos em 12 dias deste mês. O período de maior carência é o fim de semana do Ano Novo, com o hospital a precisar de preencher três turnos em cada dia, que serão pagos a 24 euros por hora.

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O DN revela ainda outros hospitais portugueses que estão a pedir médicos para o período festivo: o hospital de Águeda precisa de clínicos que preencham turnos em cinco dias de dezembro; o hospital de Aveiro e o Hospital Pêro da Covilhã precisam de médicos para nove dias, e as urgências da Unidade Local de Saúde de Castelo branco precisam de médicos para seis dias do mês.

Ouvidos pelo jornal, responsáveis quer do Sindicato Independente dos Médicos quer da Ordem dos Médicos criticam o facto de o Serviço Nacional de Saúde não estar a contratar médicos recém-formados que pudessem suprir estas necessidades. Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do SIM, diz ao DN que o Ministério da Saúde tem 600 especialistas hospitalares recém-formados que não vai contratar. Já o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, lamenta que haja especialistas recém-formados a ir para o privado ou a emigrar, por não terem lugar no Serviço Nacional de Saúde.

Três em cada quatro médicos do Norte insatisfeitos com condições no SNS

Também esta segunda-feira, o jornal Público revela um estudo que mostra que cerca de metade dos jovens médicos que estão neste momento a fazer a formação na especialidade admitem a possibilidade de emigrar quando terminarem a formação. O estudo, feito junto dos médicos da região Norte do país, mas que vai ser alargado a todo o território nacional, mostra o descontentamento generalizado dos jovens médicos com os horários prolongados, as más condições de trabalho e a falta de expectativas para a carreira.

Segundo o estudo, cerca de quatro em cada dez médicos jovens diz esperar não continuar no SNS quando terminar a formação na especialidade. Metade diz que considera a possibilidade de emigrar, e apenas um em cada dez garante que continuará em Portugal.