A ministra da Justiça e a ministra da Presidência do Conselho de Ministros vieram esta segunda-feira tentar travar o impacto da polémica sobre a associação Raríssimas, suspeita por gestão danosa e desvio de fundos e de subsídios estatais e donativos. Francisca Van Dunem diz que “há sempre falhas” e Maria Manuel Leitão Marques adverte para o risco deste caso “lançar uma mancha” sobre outras instituições de solidariedade social. Ainda assim, ambas defendem maior controlo de fundos públicos.

Francisca Van Dunem falou pela primeira vez desta polémica e, destacando que “não existem sistemas perfeitos porque há sempre falhas”, a ministra assumiu que é possível e que deve haver um maior controlo dos dinheiros públicos.

“Essa questão está neste momento a ser avaliada no quadro do inquérito criminal. É sempre possível fazer mais e é sempre possível exigirmos mais: mais controlo, mais rigor, mais auditorias. Procuramos ter, no ponto de vista do controlo dos dinheiros públicos, os mecanismos adequados e necessários”, destacou Van Dunem, numa intervenção à margem da conferência “O Combate à Fraude e à Corrupção”.

“O Estado deve ter precauções, o Estado tem que ter precauções porque se trata do dinheiro comum, o dinheiro de todos nós. Por isso, temos de ter mais cuidado com o dinheiro público. No final, as autoridades competentes vão retirar conclusões e adotarão medidas que entenderem ser necessárias”, acrescentou a ministra da Justiça.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Já a ministra da Presidência do Conselho de Ministros defende que o caso “não pode lançar uma mancha sobre o trabalho de todas as outras instituições”. À margem da inauguração da Residência de Autónomos da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, Maria Manuel Leitão Marques comentou a polémica que marca os últimos dias, argumentando que os associados “devem pedir contas” às instituições. “A sociedade deve envolver-se não apenas a contribuir, mas também a fiscalizar o que é feito com as suas contribuições”, disse a ministra admitindo que “o Estado também deve fiscalizar as instituições que apoia”.

“Não podemos é pensar que um caso que corre mal significa que todas as outras associações sofrem do mesmo problema”, disse Maria Manuel Leitão Marques

Na oposição, a principal exigência feita nesta altura é ao Governo. A líder do CDS, Assunção Cristas, veio pedir esta segunda-feira “uma investigação exaustiva imediata” ao Executivo, considerando “muito preocupantes” as notícias sobre a Raríssimas. Cristas quer ver “acionados todos os mecanismos legais que sejam apropriados” para esclarecer o caso.