As autoridades na província chinesa de Xinjiang estão a recolher amostras de ADN, impressões digitais, leitura da íris e tipo de sangue de todas as pessoas daquela região que tenham entre 12 e 65 anos. A denúncia é feita pela Human Rights Watch, que aponta para o risco de os dados desta recolha serem usados para levar a cabo atos discriminatórios e de perseguição religiosa contra os Uyghur, grupo étnico muçulmano que compõe mais de metade da população daquela província.

“A recolha obrigatória e desproporcional de outros dados biométricos sensíveis, como a íris, levanta algumas preocupações sérias em torno de direitos humanos sobre como esses dados vão ser guardados e usados para propósitos ocultos e que potencialmente podem violar diretos, incluindo a vigilância de pessoas por causa da sua etnia, religião, opinião e a proteção do seu exercício de direitos como a liberdade de expressão”, lê-se no relatório da Human Rights Watch.

A recolha de todos aqueles dados está a ser feita de várias formas: no registo para fazer passaportes, nas matrículas para escolas públicas ou através de um programa de saúde estatal, que tem o objetivo de oferecer consultas de rotina grátis a todos os habitantes daquela região.

“O governo chinês tem imposto restrições contra os seus direitos humanos mais fundamentais, inclusive a sua liberdade religiosa”, lê-se no relatório da Human Rights Watch.

“As autoridades de Xinjian deviam mudar o nome do seu programa de consultas médicas [Consultas Para Todos] para ‘Violação da Prividade Para Todos’, uma vez que o consentimento informado e a verdadeira escolha não parecem fazer parte destes programas”, disse Sophie Richardson, diretora da Human Rights Watch na China. “A recolha obrigatória dos dados biológicos de uma população inteira, incluindo o DNA, é uma violação grosseira das normas internacionais de direitos humanos e é ainda mais perturbante se for feita subreticiamente , debaixo da disfarce de um programa de saúde gratuito.”

Segundo um artigo da Xinhua, a agência noticiosa estatal chinesa, até 1 de novembro deste ano o programa “Consultas Para Todos” já tinha abrangido 18,8 milhões pessoas naquela região, onde vivem aproximadamente 23 milhões de pessoas.

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