O presidente da Aliança Evangélica Portuguesa (AEP), António Calaim, disse esta quinta-feira que a doutrina e prática da Igreja Universal do Reino de Deus “não respeitam os valores e os princípios da Aliança Evangélica”, pelo que “dificilmente” a IURD poderá ser reconhecida enquanto igreja evangélica ou filiada na organização.

Em declarações ao Observador, o presidente da AEP, organização que congrega todos os evangélicos portugueses — desde as várias Igrejas Evangélicas que operam em Portugal às associações ligadas a esta corrente do Protestantismo –, manifestou “veemente repúdio” pelas práticas de tráfico de crianças num lar da IURD em Lisboa, reveladas por uma investigação da TVI.

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“A serem verdade as noticias que têm vindo a público, a Aliança Evangélica Portuguesa manifesta a mais profunda solidariedade para com as vítimas e o mais veemente repúdio por tais práticas”, afirmou António Calaim.

Recordando que a AEP “é uma federação de igrejas Evangélicas herdeiras da Reforma Protestante do séc. XVI e dos movimentos que a desenvolveram nos séculos seguintes”, António Calaim recusou qualquer identificação entre a IURD e a doutrina evangélica.

A Igreja Universal do Reino de Deus, fundada em 1977 pelo multimilionário brasileiro Edir Macedo, apresenta-se como uma igreja cristã evangélica (porque privilegia os textos bíblicos como única regra da fé) neopentecostal (corrente que dá ênfase aos cultos sobrenaturais, às curas milagrosas e outras práticas).

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A TVI revelou, na segunda-feira, que a IURD manteve durante a década de 1990 um lar ilegal para crianças, a partir do qual operou uma rede de tráfico de crianças para os Estados Unidos e Brasil. Os próprios netos adotivos de Edir Macedo, o líder espiritual da IURD, terão sido levados de Portugal sem o consentimento da mãe.