O arquiteto Manuel Aires Mateus é o vencedor do Prémio Pessoa 2017, anunciou esta sexta-feira o presidente do júri, Francisco Pinto Balsemão, a partir do Palácio de Seteais, em Sintra.

Manuel Aires Mateus nasceu em 1963, em Lisboa. Licenciou-se na Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa em 1986 e trabalhou com o arquiteto Gonçalo Byrne, com quem colaborou de 1983 a 1988. Foi professor na Graduate Scholl of Desing de Harvard e, atualmente, leciona na Accademia di Architettura de Mendrisio, na Suíça, onde, nas palavras do presidente do júri, “desenvolve uma atividade pedagógica cujos resultados integra nos seus projetos”.

Francisco Pinto Balsemão descreveu a arquitetura de Aires Mateus como “moderna, abstrata e contemporânea”, mas que parte de “uma recolha de formas e materiais vernaculares portugueses, que integra de modo exemplar”. “A construção de formas e volumes é feito com carácter inovador por subtração da matéria, esculpindo vazios e contrariando assim o sentido clássico do projetar.” No que diz respeito à obra doméstica e à recuperação de edifício, o júri considera que “é raro provocar ruturas, mas não cede a mimetismos fáceis, conseguindo estabelecer uma continuidade entre passado e atualidade”.

“No estrangeiro, destacam-se o Centro de Criação Contemporânea de Tours e o Museu de Design e Arte Contemporânea em Lausanne.” Em relação à obra feita em Portugal, Francisco Pinto Balsemão chamou a atenção para a sede da EDP, em Lisboa, onde, “com dois fragmentos paralelos, o arquiteto constrói uma praça virada a sul protegida por brise-soleils, com grande efeito plástico”. “Nestes edifícios, ultrapassa-se o mero cumprimento do programa, construindo-se cidade“, referiu.

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O arquiteto foi responsável pelo projeto da sede da EDP, junto ao Cais do Sodré, em Lisboa (Gerardo Santos / Global Imagens)

O júri do Prémio Pessoa 2017 é composto por Francisco Pinto Balsemão (presidente), Emídio Rui Vilar (vice-presidente), Ana Pinho, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Maria de Sousa, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques.

O galardão distingue anualmente uma personalidade portuguesa que tenha tido uma “intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica”. O Prémio Pessoa, uma iniciativa anual do jornal Expresso, com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos e tem uma dotação em dinheiro no valor de 60 mil euros. O vencedor da edição do ano passado foi o tradutor e classicista Frederico Lourenço.

Um arquiteto com uma obra “que ultrapassa fronteiras”

Em comunicado, o ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, felicitou “calorosamente” o vencedor da 31.ª edição do Prémio Pessoa. “Manuel Aires Mateus, o terceiro arquiteto vencedor do Prémio Pessoa, com obra que ultrapassa fronteiras, afirmou-se desde há muito como um nome incontornável na arquitetura portuguesa“, refere a nota de imprensa, divulgada durante a tarde, acrescentando que a “arquitetura de Manuel Aires Mateus, usando um traço contemporâneo e inovador, garante, de modo harmonioso, a ausência de ruturas nos espaços construídos”.