O que interessa saber

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Nome: Book
Abriu em: Dezembro de 2017
Onde fica: Rua Saraiva de Carvalho, 35, Lisboa
O que é: O novo restaurante do Hotel da Estrela onde há livros em cima das mesas e uma cozinha de inspiração portuguesa.
Quem manda: Unlock Boutique Hotels
Quanto custa: Entre 20€ e 30€ por pessoa
Uma dica: Pelo sim, pelo não, leve um livro de casa. Pode encontrar uma leitura super interessante e assim tem um para a troca.
Contacto: 21 190 0100
Horário: Todos os dias, das 12h30 às 15h e das 19h30 às 22h30

A História

Poderá perguntar, e cheio de pertinência, se o Hotel da Estrela não tinha já um restaurante. Ter até tinha, mas não era este. No lugar da velha Cantina da Estrela acaba de abrir o Book, inspirado nas leituras, não de cabeceira, mas de mesa de almoço seja lá o que isso for. Não é só o restaurante que está novinho em folha, o próprio hotel, inaugurado em 2010, mudou de mãos, pretexto para fazer aquela remodelação básica, não só nos espaços comuns mas também nos 19 quartos. A gestão é agora assegurada pela Unlock Boutique Hotels que, obviamente, fez questão de manter os famosos piqueniques no jardim (é só esperar pela primavera para voltar a vê-los sair à rua). Costuma dizer-se que em equipa vencedora não se mexe. Neste caso, o plantel sofreu várias substituições, se bem que os craques (sim, já estamos a falar da carta) não foram a lado nenhum. Um dos exemplos é a parceria com a Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, que continua a enviar os seus alunos para aprenderem no terreno.

O Espaço

A nova disposição pode muito bem trocar-lhe as voltas, sobretudo a si que já conhecia os cantos à casa. O anterior restaurante, logo atrás da receção do hotel, deu lugar ao bar, bem mais arejado e à mão de semear. É preciso descer até ao menos um para encontrar o novo Book, ele próprio também um espaço cheio de possibilidades. É lá que se serve o pequeno-almoço aos hóspedes. A vista é para o jardim e dá ares a qualquer outra paisagem que não a do centro de Lisboa. Uma das salas está preparada para se tornar independente e receber eventos privados, sem que os intervenientes tenham de respirar o mesmo ar que os restantes clientes.

Renovado, o espaço ocupado pelo Book tem vista para o jardim do Hotel da estrela © Divulgação

O espaço manteve-se simples. Sem elementos decorativos fortes, o que mais brilha é mesmo a luz do sol durante a hora de almoço. Lado a lado com os pratos e talheres, há livros em cima das mesas. Para o caso de alguém pensar que resultam de uma experiência culinária de vanguarda, avisamos já que não são para comer. Podem ser folheados, lidos se tiver muita vontade e até metidos no bolso à saída, desde que tenha levado um para a troca, claro.

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Na hora de pagar, o Book volta a fugir à regra. À exceção do menu de almoço de 12€, a conta fica ao critério do cliente. Todos os pratos têm um preço mínimo e um preço máximo e o freguês, do alto da sua boa vontade ou da sua sovinice, decide quanto quer pagar, uma alternativa à gorjeta como forma de congratular um bom serviço.

A Comida

Felizmente, ninguém aqui virá pelos livros, até porque a única leitura obrigatória é mesmo o cardápio. Na base da carta está a cozinha portuguesa, com um toque de sofisticação é certo, mas sem privar os hóspedes estrangeiros de terem um cheirinho da gastronomia nacional. Diogo Conde é o chef de serviço. Já passou pelo DoLombo, pelo Hotel Quinta da Marinha e antes disso pelo Pestana Palace.

Há especialidades que transitaram do anterior menu, destaque para o polvo grelhado com batata doce (21€ a 24€) e para o bife do beijinho (15€ a 19€), que já têm a sua legião de seguidores. Das novas experiências salta à vista (e ao palato) o bacalhau escalfado em vinho do Porto com migas de grão-de-bico (15€ a 19€), a perna de pato com vinho verde tinto (15€ a 19€) e a salada da casa com queijo de cabra panado e mel (6€ a 8€).

Um dos muitos ângulos pornográficos do Melhor Pão-de-ló do Universo © Divulgação

Ainda que toda a experiência gastronómica fosse um suplício (que, atenção, não é), seria por uma boa causa, por uma causa maior chamada sobremesa. Embora o menu tenha mais opções, tudo é ofuscado pelo pão-de-ló (6€ a 8€) e pela mousse de chocolate (4,50e a 6,50€). Debruçemo-nos sobre o primeiro. Mal cozido, húmido e de um amarelo intenso e com um aspeto cremoso que, mesmo antes da primeira colherada, nos faz desconfiar que nunca comemos nada tão bom na vida. Ainda bem que o podemos levar para casa, em caixas e em muito. O produto não é feito no restaurante e dá pelo nome de O Melhor Pão-de-ló do Universo. Claramente, o nome mais indicado do mundo. E a mousse de chocolate? Ter de escolher entre um e outro corta o coração. À mousse caseira, juntaram pedaços de salame e ainda gelado de salame de chocolate da Artisani. E sim, é tão forte como soa.

“Cuidado, está quente” é uma rubrica do Observador onde se dão a conhecer novos restaurantes.