Estima-se que no nosso país existam já cerca de 50 mil pessoas a utilizar o IQOS, um inovador dispositivo de tabaco aquecido, desenvolvido pela Philip Morris International (PMI), que é proprietária da Marlboro, entre outras marcas. Os consumidores portugueses juntam-se aos cerca de 4 milhões de fumadores que, em todo o mundo, já fizeram esta opção. Segundo Miguel Matos, diretor geral da Tabaqueira (subsidiária da PMI em Portugal), são várias as razões que estão na base da preferência pelo tabaco aquecido. Desde logo, o facto de não haver combustão, o que leva à inexistência de fumo e cinza, logo, “menor presença de cheiro”, assim como o facto de se tratar de “um produto inovador e mais tecnológico”.

Mas afinal, o que é o IQOS e como funciona? De acordo com o responsável, “o IQOS é um dispositivo para aquecer tabaco”. A tecnologia em que assenta permite “aquecer uma mistura de tabaco expressamente preparada para o efeito abaixo dos 350°C”, sendo que num cigarro convencional esta temperatura pode chegar aos 900°C. Tendo levado mais de 15 anos a ser desenvolvido, o IQOS surge como resposta a um objetivo da companhia: “Eliminar a combustão do processo, enquanto fator principal de geração dos constituintes nocivos e potencialmente nocivos presentes no fumo dos cigarros.”

A inovação sem fumo

Nas palavras de Miguel Matos, a intenção é, acima de tudo, “ajudar a construir um futuro sem fumo”. “Há cerca de mil milhões de fumadores no mundo e a própria Organização Mundial de Saúde prevê que este número venha a aumentar nos próximos anos por mero efeito do crescimento demográfico. Faz por isso todo o sentido proporcionar-lhes melhores opções”, explica o diretor geral da Tabaqueira. Nesse sentido, desde 2008, a PMI já investiu mais de 2,5 mil milhões de euros em Investigação & Desenvolvimento de produtos sem fumo, incluindo o IQOS.

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Mas há diferenças entre este tipo de produtos que têm vindo a ser desenvolvidos, nomeadamente, entre os dispositivos de tabaco aquecido e os cigarros eletrónicos. Embora a combustão esteja ausente nos dois casos, há características que determinam as escolhas dos consumidores. Enquanto o IQOS é usado com um produto de tabaco, os cigarros eletrónicos produzem um aerossol a partir de uma solução líquida com nicotina, mas não contêm tabaco.

“Levar os cerca de 2 milhões de fumadores a considerarem o IQOS como melhor opção que os cigarros”, diz Miguel Matos, diretor geral da Tabaqueira

Há ciência no seu desenvolvimento

Para o diretor geral, o desenvolvimento do IQOS pela PMI “é o melhor testemunho de que esta empresa quer e pode dar para fazer parte da solução para a redução dos malefícios causados pelo consumo de cigarros”. Avaliar se isto acontece de facto tem sido o objetivo de mais de 400 cientistas e especialistas de diversas áreas nos últimos anos. Além de terem estado envolvidos no desenvolvimento do produto, os profissionais estudam, hoje, o impacto do mesmo. Questionado sobre a evidência científica disponível, Miguel Matos refere que “a pesquisa conduzida pela PMI está a progredir rapidamente e os resultados até ao momento indicam que o dispositivo é suscetível, ou tem o potencial, de reduzir o risco por comparação com o consumo de cigarros”.

Mais especificamente, realça que “o aerossol gerado pela utilização do IQOS, embora contenha níveis similares de nicotina à existente no fumo dos cigarros, tem níveis em média significativamente menores de constituintes nocivos e potencialmente nocivos e, como tal, é muito menos tóxico”. Até ao momento, os estudos clínicos conduzidos confirmam os resultados dos estudos laboratoriais: “Os fumadores que mudaram completamente para o IQOS, avaliados em dois estudos clínicos, reduziram significativamente a exposição a 15 componentes tóxicos.” Miguel Matos salienta que “esta redução na exposição aproximou-se do efeito observado em pessoas que deixaram de fumar durante a realização dos estudos”. Apoiada nos resultados, a empresa confia que está a prosseguir o “ rumo adequado para demonstrar que o IQOS é uma alternativa menos nociva para os fumadores que mudam para este dispositivo”.

Ainda assim, Miguel Matos deixa claro que “o consumo de tabaco através do IQOS não é isento de riscos, e a melhor forma de reduzir o risco de doenças relacionadas com o consumo de tabaco é parar de usar qualquer produto de tabaco”.

Já existe diálogo com os governos

O diretor geral da Tabaqueira salienta que a companhia “não está isolada neste processo de transformação em que se encontra”. E lembra que “são cada vez mais os países e organismos a abrirem a porta à constatação dos passos significativos que a ciência e a inovação deram, permitindo um reconhecimento de que os produtos de tabaco devem ser diferenciados em função do risco e, em particular, do facto de serem combustíveis ou não”.

O responsável aponta como exemplo o Reino Unido, que “em outubro, incluiu os dispositivos de provisão de nicotina sem combustão na sua campanha anual contra os cigarros como ferramenta de redução de nocividade, a par dos métodos habituais de cessação tabágica”. Da mesma forma, refere o Governo da Nova Zelândia, que “se comprometeu a subsidiar estes novos produtos sem combustão como forma de encorajar a sua adoção por parte dos fumadores”, a par da americana Food and Drug Administration (FDA), que “anunciou que irá adotar medidas no mesmo sentido”.

Na sua perspetiva, “é essencial que a sociedade portuguesa dialogue e debata o tema da redução de risco em tabaco, e que o faça de forma aberta, transparente e sem preconceitos, estabelecendo pontes e canais de comunicação, especialmente entre entidades e organizações públicas e privadas”.

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IQOS em Portugal e no mundo

Até ao momento, o IQOS é o único dispositivo de tabaco aquecido à venda em Portugal, sendo que o nosso país foi um dos primeiros do mundo a comercializá-lo, no início de 2015. A intenção da Tabaqueira em Portugal passa por “levar os cerca de 2 milhões de fumadores a considerarem o IQOS como melhor opção que os cigarros”, indica o representante.

Atualmente, o produto é vendido em 31 países, sendo possível que este número suba para 35 até ao final do ano. Entre os mercados onde o produto já está disponível incluem-se Itália, Espanha, Reino Unido, Alemanha, Grécia, França, Rússia, Colômbia, África do Sul, Coreia do Sul e Japão. Neste último, o terceiro país com mais fumadores do mundo, o produto tem conhecido um enorme sucesso, comparável a um gadget de última geração, gerando filas de espera para o adquirir.

A PMI espera que, em 2025, cerca de 40 milhões de fumadores de todo o mundo tenham adotado o IQOS e que as suas vendas, bem como as de outros produtos sem combustão de que dispõem, representem pelo menos 30% da faturação da empresa.