O secretário-geral do PCP avisou este sábado que o “primeiro e principal compromisso” do partido é com o povo português “e não com o Governo PS”, alertando que os comunistas não morrem com “profecias” e “que vão continuar a lutar”.

Em Braga, para o já tradicional jantar de Natal, perante cerca de 400 “convictos militantes”, Jerónimo de Sousa apelou ao reforço do peso do PCP na Assembleia da República, “não para mostrar mais deputados”, mas para ter “mais força” para negociar com futuros Governos.

O líder comunista, depois de salientar que apenas a Lusa e a Antena 1 estavam presentes, deixou ainda críticas à comunicação social, que acusou de “não querer mostrar a força” do PCP.

“Nós assumimos um compromisso, um compromisso importante, e o nosso primeiro e principal compromisso é com os trabalhadores, com o povo português e não com o Governo do PS”, alertou Jerónimo de Sousa.

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Apesar das várias críticas e acusações aos partidos “da direita”, o líder comunista esclareceu que não será o medo de que PSD e CDS-PP voltem ao Governo que fará o PCP recuar naquilo que defende.

“Nós não somos prisioneiros desse dilema, a questão não está em voltar para trás, está em romper com esta submissão, estas imposições da União Europeia, do capital monopolista, com uma política diferente, que nós considerámos patriótica e de esquerda”, explicou.

Num discurso marcado pelas “vitórias” e pela intervenção do PCP no Orçamento do Estado (OE) aprovado para 2018, enumerando como conquista do partido a eliminação do corte de 10% no subsídio de desemprego, a contagem do serviço militar obrigatório para efeitos de reforma, ou as alterações ao regime de abono familiar, o secretário-geral do PCP lembrou que aquele documento está “ainda longe de corresponder à resposta necessária” para o país.

“O OE que consolida e confirma aquilo que foi alcançado até agora e inscreve novas medidas em sentido favorável aos direitos dos trabalhadores e do povo. Avanços que só não vão mais longe porque o PS não quis”, garantiu.

Por isso, Jerónimo de Sousa apelou ao reforço da votação no PCP: “Foi o papel do PCP que fez o PS vir a terreiro e estar de acordo e isto é importante em eleições futuras. Queremos reforçar as nossas posições, não para mostrar que temos mais um deputado, mas porque quantos mais tivermos mais força teremos para negociar”, disse.

O líder comunista não deixou ainda de referir a falta de atenção da comunicação social ao trabalho do PCP.

“Ontem deu um jantarinho da dirigente do CDS, hoje aqui deu o Presidente da República no presépio de Priscos, devem estar a ver o Santana Lopes que está em Braga, mas aqui as televisões não apareceram”, disse.

E, olhando para as mesas cheias dispostas na sua frente, explicou: “É evidente que esta imagem não aparecerá, mas enquanto houver gente como vós, bem podem esconder, mas o PCP não desaparecerá”. Jerónimo de Sousa deixou outro recado, agora aos comentadores que disse vaticinarem o fim do PCP.

“Não morremos com profecias, mas lutamos por uma vida melhor”, avisou.