O secretário norte-americano da Defesa, James Mattis, afirmou esta sexta-feira não acreditar que os misseis intercontinentais desenvolvidos pela Coreia do Norte sejam capazes de atingir o território dos EUA. Pyongyang testou um novo míssil no passado dia 28 de novembro, que voou mais alto e mais longe do que qualquer outro testado até então, o que levantou receios sobre se a tecnologia desenvolvida pela Coreia do Norte seria mesmo capaz de atingir os EUA. Mas, agora, James Mattis afasta essa possibilidade.

Num briefing com jornalistas no Pentágono, o secretário da Defesa disse que os misseis balísticos intercontinentais testados em novembro “ainda não mostraram ser uma ameaça real contra nós, neste momento”. Mas garantiu que os EUA estão a acompanhar de perto a situação e que ainda há “análises forenses a fazer”. “Demora algum tempo”, sublinhou.

O tom é diferente do utilizado no final de novembro, quando os misseis foram testados. Nessa altura, Mattis disse que o lançamento mostrou que a Coreia do Norte está a trabalhar num programa nuclear que pode produzir mísseis capazes de atingir “qualquer parte do mundo”, o que reflete um “esforço contínuo de ameaçar a paz mundial e, seguramente, dos EUA”.

Agora, contudo, tanto o secretário da Defesa como os analistas que estão a trabalhar nos lançamentos feitos em novembro, desvalorizam o alcance. “Duvido fortemente da capacidade do Hwasong-15”, disse o general Patrick O’Reilly, especialista em mísseis aeroespaciais, citado pela CNN. A questão, explicam, é que os norte-coreanos continuam a lançar mísseis praticamente em linha reta, e não no arco parabólico, que é mais difícil de alcançar mas mais eficaz em termos de alcance e destruição.

Os norte-coreanos parecem ter falhado também na capacidade de construir mísseis capazes de resistir ao calor, à vibração e ao choque da reentrada em terra. De acordo com Patrick O’Reilly, há muita “informação errada” e “suposições erradas” em torno da capacidade de balística da Coreia do Norte. “Quando oiço dizer que num ano ou dois eles terão capacidade operacional para atingir Washington…não é verdade, as pessoas fazem suposições graves e infundadas. Há muito a fazer antes de isso ser de facto uma ameaça credível”, disse.

James Mattis garante que os analistas ainda estão a acompanhar de perto os recentes lançamentos de Pyongyang, e que o eixo central de atuação no que diz respeito aquele país, liderado pelo secretário de Estado Rex Tillerson, ainda é a via da diplomacia, e não a via militar.

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