O caso Raríssimas mostra a “enorme confusão” que frequentemente existe entre os responsáveis políticos e os responsáveis das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), disse este domingo a coordenadora do BE, Catarina Martins.

“Este caso mostra como no mundo das IPSS (…) há, como noutros setores, uma enorme confusão, muitas vezes, entre os responsáveis políticos e os responsáveis das IPSS”, afirmou Catarina Martins, exigindo o esclarecimento de todas as dúvidas relativas ao caso e ao envolvimento do ministro Vieira da Silva, que vai ser ouvido na segunda-feira no parlamento sobre este caso.

Raríssimas. Ministro Vieira da Silva vai ao Parlamento. Partidos pedem investigação

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A líder do BE disse que é “mau para a democracia” que haja responsáveis “dos vários partidos que têm alternado no Governo a ocuparem sistematicamente” funções de responsabilidade em instituições daquela natureza.

“Acho que não se deve confundir aquilo que é a expressão de uma associação das pessoas num determinado setor com, depois, a sua capacidade de influenciarem o poder político”, notou a deputada, classificando o caso como “preocupante”, também por envolver figuras ligadas ao Governo.

Catarina Martins considerou que “ainda não se percebeu muito bem o que aconteceu“, e “como foi possível ter acontecido”, e quer também saber o que está o Governo a fazer “para investigar” o caso, considerando que deve também ser esclarecida na audição de segunda-feira qual foi “a participação” de Vieira da Silva naquele dossier.

“O ministro Vieira da Silva também terá esclarecimentos a prestar, não ao Bloco de Esquerda, mas a todo o país, sobre a sua participação, o seu envolvimento e o conhecimento que tinha do que se passou na Raríssimas, ou não tinha”, sublinhou.

A líder do BE alertou para a necessidade de aumentar o escrutínio das IPSS e lembrou que o partido tem um projeto para aumentar o número de inspetores da Segurança Social, debate que tem sido sucessivamente adiado pelos outros partidos e que deve agora ser lançado.

Catarina Martins falava aos jornalistas à margem de uma visita à Estação Piloto de Piscicultura de Olhão (EPPO), no Algarve, onde aproveitou para falar do setor das pescas, considerando que as negociações das quotas da sardinha “não podem ser meramente políticas”.

Para aquela responsável, é essencial apoiar o setor.

“A sustentabilidade das espécies é um problema, a sustentabilidade do setor das pescas é um outro”, sublinhou, observando que o país necessita de “estratégia e não de braços de ferro”.