O príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman, defensor da austeridade, comprou o Castelo Luís XIV, a propriedade privada mais cara do mundo, perto de Paris, por 275 milhões de euros, noticiou o jornal New York Times.

A propriedade foi vendida em setembro de 2015 por uma empresa francesa especializada em imóveis de luxo. Na altura, apenas se soube que o comprador era do Médio Oriente.

O jornal nova-iorquino revela agora que o proprietário atual é o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, que tem defendido a austeridade em prol da luta contra a corrupção no país. A propriedade francesa foi uma das várias compras extravagantes atribuídas ao príncipe saudita que tem liderado uma campanha dura contra a corrupção e o auto-enriquecimento da elite do país. Um iate de 500 milhões de dólares e um quadro de Leonardo da Vinci por 450 milhões de dólares, são exemplos recordados pelo New York Times.

“Ele está a tentar construir uma imagem de si próprio, com um sucesso relativo, que é diferente dos outros, de que é um reformador, pelo menos um reformador social. E de que não é corrupto”. São declarações ao jornal americano de Bruce O. Riedel, antigo funcionário da CIA e analista. Logo, o conhecimento público deste negócio é “um golpe forte contra essa imagem”.

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A história da transação do Chateau Louis XIV, localizado em Louvenciennes, perto de Versalhes, foi reconstituída a partir de entrevistas e documentos consultados pelo New York Times. Permitiram revelar uma trama financeira que envolve um advogado no Grão Ducado do Luxemburgo e um intermediário oriundo de Malta que trabalha para resolver problemas aos mais ricos. O negócio passou por várias empresas sombra sedeadas em França e no Luxemburgo até chegar à Eigth Investment Company, empresa saudita gerida pelo dirigente da fundação pessoal do príncipe bin Salman.

Um portal francês de informação, Mediapart, avançara já em julho que Mohammad bin Salman era o comprador do Castelo Luís XIV.

Construída em 2011, a propriedade foi batizada com o nome do monarca que reinou em França nos séculos XVII e XVIII, e alia a arquitetura tipo setecentista à mais recente tecnologia.