A empresária Isabel dos Santos utilizou dinheiro emprestado pela maior operadora angolana Unitel SA, da qual é a principal acionista, para comprar ações da Zon e realizar a fusão entre a Zon e a Optimus, criando assim a NOS. Foram mais de 300 milhões de euros.

De acordo com o Público, que avança com a notícia, durante o ano de 2012 a filha do ex-presidente angolano — que é presidente do conselho de administração da Unitel SA e tem 25% do capital — investiu 177,8 milhões de euros na Zon Multimédia. No verão de 2013, foram mais 145 milhões para a fusão entre a Zon e a Optimus que viria a dar origem à NOS. A segunda maior operadora de telecomunicações é controlada pela Sonae e por Isabel dos Santos.

No total, entre maio de 2012 e agosto de 2013, Isabel dos Santos obteve sete empréstimos a dez anos da Unitel para investir não só em Portugal como em Cabo Verde — 29 milhões de euros para a adquirir capital na T+ (atualmente Unitel T+) — e São Tomé e Príncipe — outros 6,7 milhões euros para a criação da Unitel STP. Empréstimos cujo valor total ronda os 360 milhões de euros e que foram feitos à sociedade Jadeium, controlada por Isabel dos Santos, e que atualmente se chama Unitel International Holdings.

A informação avançada pelo jornal Público tem como base os documentos de concessão dos empréstimos, consultados pelo jornal que é detido pela Sonae, a parceira de Isabel dos Santos na NOS. Já na semana passada, o mesmo jornal revelou que Isabel dos Santos tinha transferido 230 milhões de euros de contas de uma empresa sua, que controla a participação na Unitel, horas antes de chegar um ordem judicial para o congelamento dos bens da empresa.

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A ordem foi emitida por um juiz das Ilhas Virgens britânicas, na sequência de um conflito que opõe a brasileira Oi, que herdou a participação da PT na Unitel, e a operadora angolana dirigida por Isabel dos Santos. Este conflito vem do tempo da Portugal Telecom e levou ao congelamento da distribuição dos dividendos da empresa angolana à acionista portuguesa. O diferendo que opõe a PT Ventures, empresa financeira que passou para a Oi, à Unitel, está em tribunal arbitral.

Isabel dos Santos transferiu 230 milhões de euros horas antes de conta ser congelada

Questionada sobre os empréstimos da Unitel à acionista Isabel dos Santos para financiar os negócios em Portugal, fonte da Oi adiantou ao Público que a PT Ventures defende que estas operações com partes relacionadas, porque envolvem empréstimos da empresa a uma acionista, não passaram pelos mecanismos de aprovação da sociedade e são irregulares. Além de que, acrescenta, os financiamentos foram concedidos em condições muito mais vantajosas do que as que Isabel dos Santos obteria no mercado.

Já fonte oficial da Unitel SA, adianta ao Público que “todos os empréstimos e transações financeiras são legítimos e legais e refletidos nos relatórios de contas da Unitel e encontram-se devidamente auditados pelo auditor externo PwC”. O Público tentou ainda contactar a empresária para perceber se estes empréstimos já foram pagos, mas sem sucesso.