A década de 80 proporcionou alguns dos duelos mais míticos de sempre da NBA e do desporto mundial. E cada um dos conjuntos tinha a sua referência, aquela figura mais marcante que todos associávamos a uma equipa. Quando a final foi entre Los Angeles Lakers e Boston Celtics, era também um confronto entre Magic Johnson e Larry Bird; mais tarde, quando os Lakers enfrentaram os Detroit Pistons, era entre Magic e Isiah Thomas.

Os duelos eram acesos, escaldantes, cheios de picardias, mas funcionando em realidades diametralmente opostas dentro e fora do pavilhão. Foi daí que nasceu a amizade mais próxima e, em paralelo, mais improvável, entre Magic e Bird, numa ligação de tal forma chegada que deu origem a livros e documentários. Com Isiah Thomas, num duelo mais “complicado” (os Lakers eram conhecidos pelo “Showtime”, enquanto os Pistons tinham a alcunha de “Bad Boys”, com tudo o que daí advinha…), também era assim. Pelo menos até 1991.

Quando Magic Johnson, num dos momentos mais complicados da sua vida, anunciou numa conferência de imprensa vista em direto por milhões e milhões de americanos (e não só) que era portador do vírus HIV, as reações foram quase todas de apoio e solidariedade com aquele que foi um dos melhores jogadores de basquetebol de sempre. No entanto, talvez até de forma não propositada ou intencional, Isiah Thomas colocou em causa a orientação sexual do base e Magic não mais lhe perdoou. Tanto que, em 1992, na altura de escolher aquela que é considerada por todos como a melhor equipa de sempre de basquetebol (o “Dream Team”), decidiu, em conjunto com o outro capitão (e amigo) Larry Bird, deixar de fora o base dos Detroit Pistons. E assim ficaram, sem contacto.

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Muitos anos depois, quando se cruzavam em eventos públicos, os antigos jogadores sorriam, até podiam tirar fotografias juntos, mas nunca mais voltaram a ter uma relação como antigamente. Até que, agora, 26 anos depois, enterraram de vez o machado de guerra e fizeram as pazes a chorar abraçados um ao outro.

“Deixa-me dizer-te que este foi um dia fantástico para mim. A minha mulher, o meu pai e a minha mãe diziam-me que tinha de voltar a sentar-me contigo. Assim, quando me ligaram, não tive dúvidas e disse logo ‘Vamos a isto!’. Poder sentar-me à tua frente e reviver aqueles momentos de diversão, de excelência, de trabalho duro, de sonhar alto… És meu irmão e deixa-me pedir-te desculpa se te causei algum dano e por não termos estado juntos. Deus foi bondoso por nos reunir outra vez”, disse Magic no encontro promovido pela NBA TV.

A antiga estrela dos Lakers, que mantém ligação ao clube como general manager, fez um pequeno discurso de 58 segundos em direção à antiga estrela dos Pistons, que manteve ligação à NBA como treinador e comentador; a seguir, veio o tal abraço de mais de um minuto. 26 anos depois e mesmo sem uma bola de basquetebol na mão, a dupla ainda espalha magia e é capaz de inspirar todos os outros.