Tina Gibson tem 26 anos. Há menos de um mês, foi mãe da primeira filha, Emma. Mas se Emma tivesse nascido quando foi concebida, mãe e filha podiam ter andado no infantário juntas. Confuso? É simples.

Emma é o embrião congelado mais antigo a resultar num parto bem sucedido. Originalmente, foi “guardada” a 14 de outubro de 1992. Mas agora é a prenda de Natal que Tina e o marido Benjamin sempre quiseram. O casal casou há sete anos, já ciente de que teria de procurar caminhos alternativos para ter filhos: Benjamin sofre de fibrose quística, uma doença que o tornou infértil. Numa primeira fase, começaram por ser família de acolhimento temporário de jovens e crianças que passavam pelo complicado sistema de acolhimento norte-americano. Até que, um dia, o pai de Tina lhes perguntou se já tinham considerado a adoção de embriões.

Tina e Benjamin nem sequer conheciam o conceito. Investigaram, aconselharam-se e descobriram que era possível “adotar” embriões congelados por casais anónimos – para serem usados por casais incapazes de ter filhos – e conceber uma criança de forma natural, através da fertilização in vitro. Os especialistas em fertilidade chamam-lhes “snow babies”: potenciais vidas humanas à espera de nascer.

A CNN conta que o processo demorou: Tina e Benjamin passaram por avaliações psicológicas, físicas e familiares. Foram submetidos a diversos exames e várias assistentes sociais passaram pela casa do casal para averiguar se estavam garantidas todas as condições para a gestação, nascimento e crescimento de uma criança. O casal foi aprovado e, tirando um quisto no útero que teve de remover, Tina era totalmente elegível para a fertilização in vitro.

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O casal escolheu o embrião de uma lista com mais de 300 dadores, com inúmeros e intermináveis fatores de comparação. Decidiram ir pelo óbvio. Ambos de estatura baixa, foram excluindo os casais em que algum dos elementos tivesse mais de 1,75 metros. Depois, afastaram aqueles que tinham doenças congénitas na família ou casos de cancro em familiares próximos. Até que chegaram ao perfil ideal. Mas não foi à primeira: o embrião não era viável e tiveram de voltar a escolher.

Só durante a preparação para a intervenção cirúrgica é que Tina e Benjamin perceberam que tinham escolhido um recorde mundial. O embrião mais antigo a resultar num parto bem sucedido até então tinha sido congelado em 1997, logo, há menos cinco anos do que Emma.

No dia 25 de novembro de 2017, depois de 20 horas de trabalho de parto, Emma Wren Gibson nasceu saudável e sem qualquer percalço.