Mais de 200 mil crianças do leste da Ucrânia vivem em zonas armadilhadas com minas antipessoais e outros explosivos datados do conflito que eclodiu em 2014, alertou esta quinta-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

As minas e os outros engenhos que ficaram por explodir são a causa de aproximadamente dois terços das mortes ou ferimentos de crianças registadas em 2017 nas regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, indicou a UNICEF em comunicado.

É absolutamente inaceitável que o espaço onde há quatro anos as crianças podiam brincar em segurança esteja agora coberto de objetos explosivos mortais”, disse a representante da agência especializada da ONU na Ucrânia, Giovanna Barberis.

Segundo a organização, muitas crianças sofrem agora de incapacidades permanentes em consequência dos ferimentos, que costumam ocorrer quando acidentalmente apanham objetos do chão, como granadas de mão ou fusíveis.

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Por este motivo, muitas escolas do leste do país, em colaboração com organizações não-governamentais, incluem atividades de apoio psicossocial e aulas de consciencialização sobre o risco das minas para os alunos afetados pelo conflito.

Estes artefactos explosivos representam também riscos para infraestruturas civis essenciais para a população, como instalações de água, eletricidade e gás.

No início de dezembro, uma unidade industrial de filtragem em Donetsk que garantia o fornecimento de água potável a cerca de 350 mil pessoas ficou danificada devido à explosão de munições.

De acordo com a ONU, a região de Donbass (designação conjunta dessas províncias) transformou-se numa das zonas mais minadas do mundo desde que, em 2014, eclodiu um conflito armado entre o exército ucraniano e grupos separatistas pró-russos pelo controlo do território.

A UNICEF emitiu um apelo para que se cumpram os termos do cessar-fogo previsto nos Acordos de Minsk com vista à paz na Ucrânia, assinados há mais de dois anos e meio e cujo incumprimento se constatou quase diariamente em 2017. “Todas as partes no conflito devem cessar de imediato o uso destas terríveis armas que fazem com que os bairros civis sejam perigosos e expõem as crianças a riscos permanentes”, acrescentou o comunicado.