A árvore já está montada, os enfeites espalhados pela casa, as rabanadas encomendadas e os presentes para a mãe, a tia e o irmão comprados. Ou então não, o mais provável é que nada disto esteja resolvido. Não há crise, vamos ao que realmente interessa. Aproxima-se o grande momento de reunião familiar, para felicidade de uns e para horror de outros. A consoada do dia 24 dezembro e o almoço de 25 podem representar uma missão impossível, bem pior que as dos agentes secretos que estamos habituados a ver.

O Natal, aquele drama que começa uns meses antes quando chega a hora de decidir onde fazer a festa, a organização do evento porque nem sempre há “lugar para toda a gente”, o sofrimento antecipado por saber que a tia vai voltar a dar um pijama de flanela, para juntar aos conjuntos dos últimos anos. E estes são problemas de primeiro mundo, que fique aqui esclarecido.

Mas para que tudo corra pelo melhor, o Observador preparou-lhe um pequeno roteiro de nove regras que deve cumprir este Natal e não cometer nenhuma gafe na hora de servir o jantar ou o almoço. Respire fundo, coloque as playlists natalícias a tocar e desfrute do momento.

Os donos da casa recebem sempre presentes

Na noite mais mágica do ano, ser a casa anfitriã tem vantagens. Manda o protocolo que os donos da casa devem receber sempre presente dos convidados. Se tiverem filhos pequenos, não se esqueça de comprar algo para eles. Para salvaguardar inconvenientes, a dona de casa deve guardar uma lembrança, caso apareça alguém de última hora que não estava à espera. Pode ser um livro, um DVD, um CD.

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“A tia fica com os doces, o pai com os vinhos e o João com as entradas”

Para que a noite seja tranquila, prepare a ceia com antecedência. Faça uma lista do que precisa para o repasto e divida tarefas. Deixe as doçarias para a tia que é a rainha da cozinha, o pai ficará incumbido dos vinhos e o irmão, que não tem jeito para nada, ele que leve uma entrada. Verifique se a divisão é justa, tanto em termos de quantidade como de custos. E não se esqueça: preparar o peru é uma obrigação da dona da casa.

As crianças são os reis do Natal

A tradição de oferecer presentes no Natal é uma herança da história dos Reis Magos que, segundo a Bíblia, levaram oferendas ao menino Jesus, acabado de nascer. Segundo a Agência Ecclesia, os presentes de Natal representam “o nascimento do Menino”, já que “nasce como um presente para a Humanidade”. A prática de todos os anos comprar presentes para os familiares e amigos decorre desta ideia sobre o “presente que Deus ofereceu a todo o mundo”. Manda o protocolo que sejam as crianças a receber primeiro os presentes. Mesmo que esteja ansioso para saber se vai receber a Playstation 4, dê prioridade aos mais pequenos, deixe-se disso.

Não às cuecas e aos boxers

Sabemos que é um dos clássicos do Natal, mas é também uma das prendas mais odiadas, a par dos chocolates, meias e pijamas. A roupa interior é daquelas peças que não vai querer receber no jantar da Consoada, enquanto à sua volta estão os familiares mais próximas ou as namoradas dos primos que só se veem nesta época do ano. Por isso, risque esse tipo de prendas da sua lista.

“Obrigado, obrigado, obrigado”

Antes de abrir o presente, agradeça sempre. Manda o protocolo que a prenda deverá ser acompanhada com um cartão. Pode ser um envelope ou uma etiqueta. Coloque o nome de quem está a dar e quem vai receber. Evita confusões e pequenas trocas constrangedoras. Há ainda duas frases proibidas no Natal: “foi só uma lembrançazinha” e “podes trocar”.

Bacalhau, polvo, peru ou cabrito: opções para todos os gostos

A ceia de Natal é uma refeição de dimensões generosas. Os pratos e os doces são muitos, diversificados e variam de região para região. Entre o peru, o bacalhau, o cabrito ou o polvo, há opções para todos os gostos. Segundo o protocolo, a casa anfitriã deve reunir as tradições de todos para que todos fiquem satisfeitos. Se a sua família é de Trás-os-Montes, é normal que queira bacalhau com todos e polvo. Se os seus sogros são alentejanos, não se esqueça de ter cabrito para o almoço de domingo. Não se esqueça também de ter um prato alternativo para os convidados que não comem bacalhau.

Não se esqueça da decoração

Uma mesa de Natal bonita pode fazer toda a diferença na noite de consoada. O vermelho é a cor indispensável e pode alinhar com outras cores tendências. Apesar de ser uma decoração de Natal, é importante dar prioridade ao conforto na hora da ceia. Por isso é essencial montar a disposição dos pratos e talheres e posteriormente os ornamentos decorativos do Natal. Para enfeitar a mesa, pode trazer as decorações natalícias usadas em casa. Opte por uma toalha branca, símbolo da simplicidade, e conjugue com marcadores de cor. As velas são fundamentais para criar ambiente, mas escolha sempre produtos amigos da natureza. Por isso, não traga garrafas de plástico para a mesa. Coloque a água em garrafas de vidro.

Organização da mesa

Segundo a rainha da etiqueta portuguesa, Paula Bobone, o talher tem um papel muito importante e todos os utensílios devem ser colocados seguindo a ordem da refeição, de dentro para fora, com os garfos e as colheres à esquerda e as facas à direita. Devem também estar centrais. Relativamente às bebidas, a água marca a posição inicial e coloca-se à frente do prato principal, ficando à sua direita o copo de vinho tinto e o de vinho branco. O guardanapo é sempre à esquerda e, se quiser, pode usar de papel. Precisa é de ser de boa qualidade e com motivos natalícios. Mas não se esqueça: Natal não rima com Carnaval, por isso, cuidado nas combinações e decorações.

Todos juntos

Os convidados têm que comer todos sentados. Mesmo que seja obrigado a juntar mesas e não tenha toalhas iguais, o que importa é que todos os convidados tenham um lugar para sentar. Jantar volante no Natal não entra no protocolo. Quanto aos convidados, a etiqueta manda que a disposição dos lugares na mesa seja homem-mulher-homem-mulher e que os donos da casa nunca devem ficar juntos, para que possam conviver com os convidados.

Temas tabu

Política, religião ou perguntar quando a prima solteirona vai casar são “não-temas” na noite de natal. Pendure estes assuntos na porta de entrada, junto com a grinalda de Boas Festas. Esqueça os assuntos polémicos. Fale do tempo, do que anda a fazer, mas jamais traga à mesa temas fortes como o caso dos emails do Benfica.