Com o número 10 e subcapitão do Real Madrid, Lionel Messi. Com o número 7 e subcapitão do Barcelona, Cristiano Ronaldo. Hoje, este cenário é impossível e veremos no Clássico de Espanha, no sábado (12h), o filme do costume com o português a ser a principal referência dos merengues e o argentino a ser a principal referência dos blaugrana. Mas a verdade é que esteve mais perto de se concretizar do que pensávamos.

A história entre Ronaldo e o Barcelona já era conhecida: apesar de ter sido hipótese para Juventus e Liverpool antes de assinar pelo Manchester United, em 2003, também os catalães andaram na corrida mas com o avançado no plano de segunda opção que nunca se chegou a concretizar. E porquê? Porque, depois da saída de David Beckham para Madrid, os red devils tentaram a estrela brasileira do PSG, Ronaldinho Gaúcho, para substituir o internacional inglês. O Barça, muito por culpa do vice Sandro Rosell e dos conhecimentos que tinha pelas ligações ao marketing e agenciamento desportivo, assegurou mesmo o jogador e a hipótese Ronaldo caiu.

Agora, e em vésperas de mais um Clássico, o El Mundo explica o que falhou nas ocasiões em que Messi foi tentado pelo Real, naquela que teria sido uma transferência capaz de mudar a história recente do futebol.

Desde que começou a jogar entre os seniores do Barça, em 2004/05, Messi foi sempre a estrela (Luis Bagu/Getty Images)

A primeira incursão, mais por “demérito” do rival do que por mérito próprio, teve lugar no final de 2000, ano em que Messi trocou a cidade argentina de Rosario pela Europa por causa de um tratamento hormonal que custava mil dólares por mês e que tinha mesmo de fazer. Joan Gaspart, então presidente do Barcelona, torceu o nariz a um miúdo pequeno e franzino de 13 anos que traria custos “elevados” a nível de futebol de formação e Horacio Gaggioli, o agente que se tinha comprometido com a família do pequeno Leo de que assinaria por um grande de Espanha, ameaçou agarrar nas coisas e ir para Madrid.

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A saída de Figo para o rival e o período de reestruturação interna obrigaram os catalães a ponderar muito sobre o tema e foi Carles Rexach, o diretor desportivo, que se “atravessou”, assinando sem conhecimento de Gaspart um contrato feito em cinco minutos num guardanapo de um restaurante em Barcelona. Não fosse essa atitude numa operação relâmpago e Messi iria para o Real Madrid, que já tinha aberto as suas portas.

Pelo meio, e sempre que Messi se aproximava do final do contrato, os merengues aproximavam-se do processo e tentavam perceber a viabilidade de uma mudança para Madrid. A última tentativa terá acontecido este verão, num momento muito conturbado no clube pela saída de Neymar para o PSG (com uns pozinhos da crise política na Catalunha a “ajudar” a adensar essa instabilidade). Josep Maria Bartomeu tinha anunciado de forma pública a renovação de Messi, mas a verdade é que os seus próprios vices admitiram que o contrato ainda não estava então assinado. Já Florentino Pérez, como em outras ocasiões, seguia tudo com atenção.

A imagem mais icónica de Messi no Santiago Bernabéu, após o 3-2 na última temporada (OSCAR DEL POZO/AFP/Getty Images)

Mbappé foi sempre a prioridade do Real Madrid (que nunca se chegou a concretizar, rumando também ao PSG) e haveria mesmo um princípio de acordo com o jovem francês, mas o presidente dos merengues, através de alguns representantes, terá feito sondagens junto do pai de Neymar e de Messi sobre uma possível saída para o Santiago Bernabéu. Se no caso do brasileiro o exemplo de Figo foi justificativo para algo que seria “demasiado arriscado”, do lado do argentino não houve o mínimo feedback positivo. O jornal diz mesmo que os 300 milhões de cláusula se pagariam por si próprios, uma ideia com a sua lógica mas que, quase de certeza, nunca chegaremos a confirmar. E que trouxe um efeito nocivo para Florentino, que inflacionou com essa ideia a renovação de Messi mas criou um problema para si próprio pelo desfasamento salarial que existe agora em comparação com Ronaldo.