A presidente da Suíça defendeu este domingo que o país deveria levar a referendo o futuro da relação com a União Europeia, numa altura em que as relações entre os dois blocos têm esfriado devido às restrições que a União Europeia está a colocar à bolsa de valores suíça.

É amiga, mas não é família. É assim faz décadas a relação entre a União Europeia e a Suíça, que têm nesta altura mais de 100 acordos bilaterais em diversos setores, algo que a União Europeia quer substituir.

As negociações para que isso acontecesse até não estavam a correr mal, com a Suíça no último mês a aceitar contribuir mais para o orçamento comunitário, mas a decisão da União Europeia de permitir o acesso apenas parcial da bolsa de valores ao mercado europeu fez azedar as conversas.

“O caminho bilateral é importante. Por isso devemos clarificar a nossa relação com a Europa. Temos de saber em que direção devemos caminhar”, afirmou a presidente Doris Leuthard, numa entrevista ao jornal suíço Sonntags Blick.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O acordo que estava a ser negociado previa ainda que a Suíça adotasse algumas das leis europeias, tendo em troca um acesso mais alargado ao mercado único, muito importante para a economia suíça.

No entanto, um acordo desse género chumbaria no parlamento suíço, já que o Swiss People´s Party (SVP), um partido eurocético, tem atualmente o maior número de deputados.

A presidente foi dura nas suas palavras relativamente à postura da União Europeia, dizendo que não é aceitável que o bloco europeu ligue uma questão técnica, como é o caso da equivalência entre as bolsas de valores, e uma questão política como o tratado que enquadra as relações entre a Suíça e a União Europeia.

Ainda assim, e depois de dizer que entende o ceticismo que existe na sociedade relativamente à União Europeia, a presidente diz que não há alternativa a um entendimento com o bloco europeu, já que a União Europeia é responsável por dois terços do comércio internacional suíço.

“Podemos fortalecer a nossa relação com Índia e com a China, mas a União Europeia continua a ser central. Precisamos de uma relação regulada e com mecanismos com a União Europeia, isso ajudaria a evitar jogos políticos como aqueles que estamos viver agora”, disse a responsável.