O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, comprometeu-se esta quarta-feira a acelerar os trabalhos para um novo Plano Nacional da Água em Espanha, através da apresentação no parlamento de uma iniciativa para reunir o consenso partidário nesta matéria.

Rajoy anunciou a intenção num evento na região autónoma de Múrcia, uma das regiões de Espanha que mais beneficia do transvase Tejo-Segura, uma das maiores obras de engenharia hidráulica alguma vez realizadas em Espanha. Através desta estrutura o governo central em Madrid autoriza o transvase de água do Tejo para o rio Segura, que nasce na região de Castela-Mancha, mas flui maioritariamente por Múrcia.

Os governos regionais de Castela-Mancha e da Extremadura espanhola são críticos destas passagens de água para Múrcia, afirmando que os caudais do Tejo já são demasiado baixos (especialmente no Verão). A medida, em última análise, também tem impacto sobre o caudal do Tejo em Portugal.

Rajoy – que falava ao lado do presidente da comunidade autonómica de Múrcia e colega de partido, Fernando López Miras, (PP, direita conservadora) – aludiu ao problema da falta de chuva em Espanha este ano, que tem afetado, sobretudo, a região murciana.

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Rajoy recordou que, para combater a seca, o Governo espanhol aprovou em 2015 um decreto-lei de medidas urgentes que, desde esse ano, já significou medidas especiais para a região de Múrcia e para a bacia do Segura. Em junho do ano passado, por exemplo, Madrid autorizou o maior transvase de água das bacias do Tejo em Castela-Mancha para as províncias de Múrcia, Alicante e Almería em mais de ano e meio, num total de 38 hectómetros cúbicos.

O primeiro-ministro espanhol disse que vai continuar a adotar medidas semelhantes, ao mesmo tempo que pretende impulsionar no Congresso um Pacto Nacional da Água, que dê especial atenção às bacias deficitárias.

Assim, disse que o executivo espanhol já se reuniu com todas as comunidades autonómicas para encontrar uma solução definitiva que conte com o acordo das várias administrações regionais e dos partidos que as sustentam.

“Espero que a partir de janeiro sejamos capazes de, entre todos, dar resposta a um assunto de enorme transcendência”, sublinhou Rajoy.

O governo regional de Castela-Mancha (uma das mais críticas quanto aos transvases) é formado por uma “geringonça” espanhola formada desde 2017 entre os socialistas do PSOE e o Podemos (esquerda radical).