O ministro da Administração Interna cabo-verdiano, Paulo Rocha, disse esta quarta-feira que as Forças Armadas de Cabo Verde garantem o reforço do patrulhamento urbano durante os três dias de greve da Polícia Nacional, que decorre até sexta-feira.

As Forças Armadas têm um papel crucial em matéria de segurança, têm desempenhado esse papel ao longo dos anos sob a coordenação da Polícia Nacional em matéria de patrulhamento. Têm também outras responsabilidades em matéria de portos e aeroportos. Continuarão a desempenhar essas funções e, nesta altura, contamos com a ajuda das Forças Armadas para o reforço do patrulhamento urbano”, disse.

Paulo Rocha adiantou ainda que, durante estes dias, a segurança pública no país será garantida também pela Polícia Judiciária e por “boa parte” dos agentes da Polícia Nacional, que não aderiram à greve de três dias.

“A Polícia Nacional não é a única força de segurança. Temos a Polícia Judiciária, temos as Forças Armadas e temos boa parte dos efetivos [da Polícia Nacional] que estão a cumprir”, disse Paulo Rocha.

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O ministro falava aos jornalistas, em conferência de imprensa, na cidade da Praia, no primeiro de três dias de greve da Polícia Nacional, que segundo o Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL) registou uma adesão acima dos 90% a nível nacional, apesar da requisição civil decretada pelo Governo.

Paulo Rocha considerou que os números avançados pelo sindicato não traduzem “de certeza” a realidade da paralisação, mas afirmou, quando questionado pelos jornalistas, estarem ainda a ser apurados os dados da adesão.

Estamos a apurar os dados dos polícias que estão ao serviço. A direção da Polícia Nacional ficou de dar estes dados, deverá fazê-lo nas próximas horas. Temos dificuldades em algumas unidades, nomeadamente na Boavista, na Brava, na Praia”, disse Paulo Rocha.

“Temos várias unidades desfalcadas, mas temos também muitas unidades com efetivos a cumprirem a sua missão”, acrescentou.

Os agentes da Polícia Nacional de Cabo Verde iniciaram neste dia uma paralisação de três dias, tendo realizado manifestações em várias ilhas.

Na cidade da Praia, centenas de agentes, vestindo camisolas negras do SINAPOL, percorreram as principais ruas, empunhando cartazes e gritando palavras de ordem contra o Governo e o Ministro da Administração Interna, de quem pedem a demissão.

O SINAPOL acusa o MAI de não ter cumprido o memorando de entendimento assinado em março, no qual se comprometia a atender às reivindicações dos polícias e que levou à desconvocação de uma greve marcada nessa altura.

Os polícias reivindicam a atualização salarial, redução da carga horária, introdução de um regulamento de trabalho e pagamento de subsídio de condição policial à guarda fiscal, com efeitos retroativos.

Da lista de reivindicações consta também o pagamento de 25% sobre o vencimento, como subsídio de condução, ao pessoal da PN que exerce, cumulativamente, as funções de condutor.

Paulo Rocha, por seu lado, assegurou que não se demite e que cumpriu tudo o acordado, acusando o sindicato de apresentar reivindicações novas, com forte impacto no Orçamento de Estado, num ano em que o país atravessa dificuldades devido ao mau ano agrícola.

“O Governo assinou um memorando em que deveria cumprir com algumas questões como a tabela salarial, o aumento do índice salarial, as progressões e as promoções, que cumpriu”, disse.

O compromisso que assumimos foi de trabalhar no âmbito de uma plataforma de entendimento com o sindicato para estudarmos atualizações salariais futuras e outras questões do dia a dia da polícia que não podem ser resolvidas todas num único momento”, acrescentou.

O ministro sublinhou que 2017 foi um dos anos em que se fez maior investimento na Polícia Nacional e apelou para o “bom senso e responsabilidade”. “Compreendemos a ansiedade, as expectativas, mas é preciso gerir porque este é o país que temos e temos famílias no campo desesperançadas e que precisam também do nosso apoio. O bolo tem que ser dividido equitativamente”, considerou.