O Governo de Cabo Verde estima em 40% a adesão ao primeiro dia de greve dos efetivos da Polícia Nacional (PN), contra os mais de 90% de adesão apontados pelo Sindicato Nacional de Polícia (SINAPOL).
Segundo dados da direção da Polícia Nacional (PN), divulgados pelo Gabinete de Comunicação do Governo ao final da tarde desta quarta-feira, no primeiro de três dias de paralisação 59,28% dos dois mil agentes da corporação apresentaram-se ao serviço.
“Dos efetivos escalados para o dia de hoje, tendo em conta o funcionamento normal das diversas unidades policiais, 59,28% compareceram ao serviço”, adianta o Governo, assinalando que os agentes fazem turnos de 6,8 e 12 horas e descansam 24 horas.
Durante a manhã, o SINAPOL tinha apontado uma adesão superior a 90% com os agentes a manifestarem-se nas ruas e esquadras encerradas ou a funcionar com problemas em várias ilhas, apesar da requisição civil decretada pelo Executivo.
Na cidade da Praia, centenas de agentes marcharam pelas ruas da capital reivindicando o cumprimento dos compromissos em matéria salarial e exigindo da demissão do ministro da Administração Interna, Paulo Rocha.
De acordo com o Executivo, a maioria dos efetivos presentes nas marchas realizadas por todo o país, “foram os que se encontravam de folga e férias, aderindo assim à greve”.
O ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, assegurou durante a manhã, em conferência de imprensa, que não se demite e que os agentes que não cumprirem a requisição civil serão responsabilizados criminal e disciplinarmente.
Paulo Rocha adiantou que as Forças Armadas irão reforçar o patrulhamento urbano durante os dias da greve e manifestou abertura para dialogar com os polícias com vista a uma eventual suspensão da paralisação.
O SINAPOL acusa o MAI de não ter cumprido o memorando de entendimento assinado em março, no qual se comprometia a atender às reivindicações dos polícias e que levou à desconvocação de uma greve marcada nessa altura.
Os polícias reivindicam atualização salarial, redução da carga horária, introdução de um regulamento de trabalho e pagamento, com efeitos retroativos, de subsídio de condição policial aos agentes da Guarda Fiscal.
Da lista de reivindicações consta também o pagamento de 25% sobre o vencimento, como subsídio de condução, ao pessoal da PN que exerce, cumulativamente, as funções de condutores.
O ministro, por seu lado, assegura que cumpriu tudo o acordado e pede “razoabilidade, bom senso e responsabilidade” ao sindicato num ano em que, segundo disse, foi feito um investimento de mais de 3,6 milhões de euros na Polícia Nacional e o país enfrenta dificuldades devido ao mau ano agrícola.
“Compreendemos a ansiedade, as expectativas, mas é preciso gerir porque este é o país que temos e temos famílias no campo desesperançadas e que precisam também do nosso apoio. O bolo tem que ser dividido equitativamente”, disse.