A líder bloquista, Catarina Martins, fez uma previsão otimista do ano de 2018, mas deixa exigências ao Governo de Costa para o próximo ano, como a “coragem para renegociar a dívida” e para “enfrentar os interesses económicos poderosos“, mostrando que a traição do PS na taxa dirigida às energéticas renováveis ainda não foi esquecida. Lembrou ainda a Costa as “tantas casas que sofrem com o frio” devido à fatura da luz. Na mensagem de Ano Novo, Catarina Martins também lembra que o ano que agora chega ao fim foi “difícil” e que será seguramente lembrado pela “tragédia dos incêndios”, tendo deixado “uma ferida aberta no país.”

Catarina Martins volta a pressionar o Governo no sentido de renegociar a dívida, o que parece difícil numa altura em que o ministro das Finanças português é também líder do Eurogrupo. António Costa chegou a dizer que não se podia colocar esse dossiê na mesa antes das eleições alemãs. Foram em setembro. A bloquista exige também a “coragem de construir alternativa às políticas europeias que desprezam o crescimento e a criação de emprego” e “a coragem de renegociar uma dívida, que continua em valores insustentáveis, para proteger o país dos sobressaltos de uma nova crise financeira”.

Apesar dos alertas e de lembrar o que correu menos bem, Catarina Martins destacou que “2017 não foi só o ano da tragédia: foi também o ano da recuperação da economia”. E acrescentou que 2017 foi também “o segundo ano seguido de recuperação e em que as pessoas têm boas razões para acreditar que o próximo ano será melhor”.

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Lembrando as conquistas da “geringonça”, onde o Bloco de Esquerda está comprometido, Catarina Martins afirma que “para pensionistas, para trabalhadores do público e do privado, com contrato ou a recibos verdes, para quem vai passar a pagar menos IRS ou para quem vai ter novo aumento do salário mínimo, 2018 será um novo ano de devolução de direitos e rendimento.” A líder bloquista explica que “a vontade de mudança expressa nas eleições de 2015 que permitiu o acordo para parar o empobrecimento, já fez muito para que as pessoas reconquistassem a dignidade e a confiança na democracia.” Neste caso a mensagem é clara: nem tudo é perfeito, mas é bem melhor do que no tempo de PSD e CDS. Para a direita há ainda outro aviso: “Até ao limite das forças que os portugueses nos deram, não permitiremos que o país volte a ser humilhado e que voltem a ser retirados os direitos que as pessoas estão agora a recuperar”.

O país descrito por Catarina Martins está longe de ser cor-de-rosa. A líder bloquista lembra que “Portugal é ainda um país de salários baixos demais, desemprego e precariedade“, que o “Serviço Nacional de Saúde tem enormes dificuldades e que “faltam meios à escola pública e a tantos serviços públicos, nas diversas áreas, para responderem nas melhores condições às populações que devem servir”.

Vem depois a pressão para o Governo ir mais longe. Catarina Martins pede “coragem para enfrentar os interesses económicos poderosos, para reconstruir os direitos do trabalho e combater as PPP e as rendas da energia.”

Neste ponto dos “interesses económicos”, Catarina Martins não deixa de visar as energéticas — já que o BE tentou aplicar uma taxa que seria depois aplicada na redução da fatura da energia dos portugueses — lembrando: “E em tantas casas sofre-se com o frio no inverno, porque o preço da energia é alto demais.”