O mercado reabre na próxima semana e Layún pode ter feito um dos últimos jogos pelo FC Porto, no seguimento das insistentes notícias que dão conta de uma possível saída (por empréstimo ou a título definitivo) para Espanha (Alavés e Celta de Vigo são os principais interessados). No entanto, o lateral/ala acabou por ser o mexicano menos ativo na vitória do FC Porto em Paços de Ferreira, por 3-2, que garantiu a Final Four da Taça da Liga.

Diego Reyes, que tinha apontado o primeiro golo de azul e branco na receção ao Marítimo há menos de duas semanas, mostrou que gostou da coisa e voltou a marcar de cabeça, na sequência de um canto (antes de facilitar no tento inicial dos pacenses); Corona, que entrou ao intervalo, celebrou o 100.º jogo pelo FC Porto com uma assistência para golo apenas quatro minutos depois de estar em campo; Herrera, que ocupou posições mais contidas em campo pela falta de Danilo, acabou por ver o vermelho direto a poucos minutos do fim do jogo. Foi um arraial mexicano para todos os gostos naquela que voltou a ser uma noite de festa africana.

Ficha de jogo

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P. Ferreira-FC Porto, 2-3

3.ª jornada do grupo D da Taça da Liga

Estádio Capital do Móvel, em Paços de Ferreira

Árbitro: Bruno Esteves (AF Setúbal)

P. Ferreira: Rafael Defendi; Chico Afonso, Ricardo, Miguel Vieira, Quiñones; André Leão (Mateus, 64′), Gian; Medeiros (Mabil, 58′), Andrezinho, Hêndrio e Luiz Phellype (Bruno Moreira, 74′)

Suplentes não utilizados: João Pinho, Marco Baixinho, João Góis e Xavier

Treinador: Petit

FC Porto: Casillas; Maxi Pereira (Corona, 46′), Reyes, Marcano e Alex Telles; André André, Herrera, Ricardo Pereira, Brahimi (Layún, 77′); Marega e Soares (Aboubakar, 46′)

Suplentes não utilizados: José Sá, Felipe, Óliver Torres e Sérgio Oliveira

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Reyes (17′), Brahimi (21′), Luiz Phellype (31′ e 45′) e Aboubakar (49′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Miguel Vieira (54′), Mateus (81′), Gian (83′) e Andrezinho (89′); vermelho direto a Herrera (88′)

Na semana em que Pinto da Costa fez 80 anos e o Observador passou por centenas e centenas de frases do líder azul e branco há 35 anos, houve uma entre muitas que nos saltou durante o encontro na Capital do Móvel: “Brahimi é um digno sucessor de Madjer”. Tudo porque o Dragão de Ouro argelino voltou, mais uma vez, a ser o melhor. Ele constrói. Ele assiste. Ele inventa. Ele também marca (menos vezes, mas com igual importância). Ele é a veia fantasista de um ataque assente sobretudo no músculo, na velocidade e na espontaneidade que costumam ficar entregues a Marega e Aboubakar. E esta noite, mais uma vez, o camaronês entrou e decidiu.

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Com Casillas na baliza, Reyes de regresso no lugar de Felipe, Maxi Pereira de novo titular com Ricardo Pereira a subir na ala direita, André André no lugar do castigado Danilo e Soares a fazer dupla com Marega na frente, o P. Ferreira ainda conseguiu colocar dificuldades nos primeiros minutos com o bloco médio/baixo sem bola mas acabou por abanar, e de que maneira, após o primeiro susto, quando Brahimi desmarcou bem Soares e o brasileiro, isolado, viu o remate travado por Defendi para canto. No seguimento do lance, Alex Telles cruzou bem e Diego Reyes, de cabeça, apontou o segundo golo nos últimos dois encontros pelos dragões (17′).

Os azuis e brancos voltaram a ganhar vantagem num lance de estratégia e com Alex Telles como assistente de serviço, mas esse acabou por ser sobretudo um fôlego extra para soltar o FC Porto pressionante e dominador no meio-campo adversário como tantas vezes se tem assistido nas provas nacionais. Por isso, o segundo golo acabou por chegar com naturalidade e com o principal artista da companhia a desequilibrar: Brahimi agarrou na bola ainda no meio-campo, foi galgando metros atrás de metros, fintou para dentro e fuzilou Defendi (21′).

O jogo era de sentido único e os pacenses tinham cada vez mais dificuldade em aguentar o equilíbrio emocional perante a avalanche ofensiva dos dragões, que ficaram a centímetros do terceiro quando André André, pela esquerda, cruzou atrasado na área para o remate de Ricardo que, após embater num defesa visitado, saiu muito perto do poste da baliza dos castores (26′). O P. Ferreira estava à beira do colapso coletivo, mas Luiz Phellype, no primeiro remate da equipa, conseguiu reduzir e dar outro ânimo ao encontro num lance onde Diego Reyes foi demasiado passivo na forma como deixou o brasileiro rodar na área antes do toque final (31′).

O 2-1 foi contra a corrente do jogo, mas nem por isso o FC Porto caiu no jogo ou deixou de estar ligado à corrente, mantendo o domínio territorial e de posse enquanto tentava explorar as notórias debilidades dos pacenses no plano defensivo. Foi assim que, aos 43′, Marega foi lançado em profundidade nas costas dos centrais, progrediu como se fosse um Usain Bolt mas, na hora da verdade, adiantou em demasia a bola e perdeu mais uma boa oportunidade. Algo que, no lado do P. Ferreira, não acontecia. Longe disso: em cima do intervalo, o segundo remate de Luiz Phellype, após uma boa jogada de envolvimento pela esquerda com cruzamento atrasado de Andrezinho, acabou por coincidir com o segundo golo dos visitados. 100% de eficácia e partida relançada.

Sem que merecesse esse cenário por tudo aquilo que produziu (a pouco usual permissividade defensiva acabou por contribuir muito para isso), o FC Porto saía ao intervalo empatado, o mesmo resultado que se registava em Vila do Conde entre Rio Ave e Leixões, o outro jogo do grupo D. E Sérgio Conceição não demorou a mexer para espevitar a equipa: ao intervalo, Corona e Aboubakar renderam Maxi Pereira e Soares e, apenas quatro minutos depois, fabricaram o 3-2 com cruzamento ao segundo poste do mexicano e cabeceamento do camaronês.

Desta vez, não houve margem para recuperações. Aliás, à exceção de um remate de Andrezinho pouco por cima da trave de Casillas (88′), as únicas oportunidades de golo pertenceram ao FC Porto, com Brahimi e Aboubakar à cabeça (Defendi ou a falta de pontaria foram evitando o 4-2 que mataria de vez o encontro). E o único registo até ao final seria mesmo a expulsão de Herrera, que teve uma atitude imprudente que Bruno Esteves tomou como agressão apesar de, na repetição, se perceber que a admoestação podia não ter chegado a esse extremo.

Os dragões quebraram um jejum de três anos sem ganhar fora na Taça da Liga e reservaram lugar na Final Four da Taça da Liga, onde irão defrontar o Sporting a 23 de janeiro, em Braga. Mas o próximo ano promete ser um ano de clássicos porque, em caso de triunfos nos quartos-de-final, poderemos ter mais três clássicos até ao final da temporada. Que venha então 2018!