O Dubai já nos habituou a projetos brutais como é o caso do maior arranha-céus do mundo, a mais longa rede de metro sem motorista, e o maior centro comercial. Agora juntou-se à lista o maior frame de sempre. Só que a esta nova atração está envolta em polémica.

A moldura, com 150 metros de altura, situada no Parque Zabeel, abriu passado quase uma década após ter sido desenhada. Os visitantes podem ver no interior uma exposição com a história dos Emirados Árabes Unidos no piso térreo, subindo depois de elevador até ao 93.º andar onde podem caminhar num chão de vidro e apreciar a vista para a antiga cidade de Deira e para a avenida Sheikh Zayed Road (a dos arranha-céus). Há ainda um túnel iluminado com luzes néon que transporta o público para um Dubai do futuro.

Aquela que é a maior moldura do mundo para todos é, para o autor, o maior edifício roubado de todos os tempos, segundo o jornal The Guardian.

Eles pegaram no meu projeto, mudaram o design e construiram-no sem mim”, contou o arquiteto mexicano, Fernando Donis, cuja proposta ganhou uma competição internacional em 2008.

O arquiteto recebeu um contrato, das autoridades municipais do Dubai, que limitava o seu envolvimento no projeto, exigindo que entregasse a propriedade intelectual, que nunca visitasse o local de construção e que nunca promovesse o projeto como sendo um trabalho seu, enquanto o município podia rescindir o acordo em qualquer momento.

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Donis contou ao jornal britânico que recusou assinar a proposta, mas que as autoridades municipais contrataram então a Hyder Consulting, uma filial da gigante Arcadis, uma empresa de engenharia, e avançaram sem ele.

Edward Klaris, o advogado que apresentou uma ação judicial em nome do arquiteto no ano passado, sem sucesso, diz que este foi “um ato de suprema arrogância”.

Os Emirados Árabes Unidos colocam-se como um país que respeita a propriedade intelectual, mas isto viola de forma flagrante os direitos de autor. O sistema jurídico do Dubai torna impossível processar o município, a menos que este lhe dê autoridade para tal”, contou Klaris.

O emirado recusa comentar o assunto, mas, numa carta enviada a Donis, o grupo encarregue da obra disse apenas que “foi um desentendimento comercial” e que a companhia “não tem nenhuma possibilidade para intervir”.

Fernando Donis acompanhou, à distância e via redes sociais, os progressos do projeto que desenhou. “É fantástico vê-lo materializado”, afirmou Donis, acrescentando que “é precisamente o que queria” e que gostaria de ter feito parte da sua construção.