O fabricante americano de veículos eléctricos alimentados por bateria revelou os dados relativos à sua produção no quarto trimestre de 2017, e houve boas e más notícias. As primeiras dizem respeito aos Model S e X, que com 15.200 unidades para o primeiro e 13.120 para o segundo, conseguiram o melhor trimestre de sempre. O capítulo das más notícias chega pela mão do mais barato dos Tesla, pois o Model 3 fabricou apenas 1.550 veículos, longe pois dos 5.000 por semana que inicialmente era pressuposto atingir no final do ano que agora findou.

É bom ter presente que a Tesla, que começou como uma startup peculiar e evoluiu para a empresa mais disruptiva da indústria automóvel, quer sistematicamente dar passos maiores do que a perna. E paga invariavelmente por isso. A velocidade com que apresenta modelos, soluções e sistemas, é de tal forma superior à dos concorrentes, que chega a ser difícil de compreender os motivos do fabricante. Especialmente se tivermos em conta que se trata de um construtor sem tradição, sem experiência e sem acesso a uma rede de fornecedores tão rica quanto a VW, GM, Ford ou Toyota, os maiores do mundo.

Os problemas que a Tesla tem sentido no Model 3 eram mais do que previsíveis. A começar pelo facto de a marca ter como background uma produção de 50.000 unidades por ano (do S e outro tanto do X, numa mesma linha) e, de repente, ter decidido que ia passar a fabricar 500.000 Model 3 anualmente (objectivo para 2019, a que corresponde 10.000 carros por semana). Para dificultar ainda mais a tarefa de Elon Musk, o CEO, o Model 3 é fabricado em chapa de aço, em vez do alumínio dos S e X, material com que o fabricante até aqui nunca tinha lidado. E daí as dificuldades, se bem que a Tesla tenha garantido que as maiores limitações se centraram na produção de baterias, também ela a tentar montar 10 vezes mais packs do que até aqui.

Ainda há esperança?

Ao que tudo indica, sim. Primeiro porque a marca fabricou 29.870 veículos no último trimestre de 2017, o que representa um incremento de 27% face ao ano anterior, e 9% face ao 3º trimestre do ano agora findo. Se considerarmos um ano completo, o construtor produziu 101.312 modelos, mais 33% do que em 2016.

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Mas se estas notícias são positivas, curiosamente as maiores promessas vêm do Model 3, precisamente o carro que mais dores de cabeça tem dado à marca. Se bem que tenha montado apenas 1.550 unidades do Model 3 nos últimos 3 meses do ano, a Tesla afirma que nos últimos dias de Dezembro já atingiu uma produção de 1.000 carros por semana, o que significa que, se bem que ainda longe dos 5.000 Model 3/semana previstos de início, os afunilamentos da linha de produção parecem começar a ser resolvidos, com o construtor a revelar que “fabricou mais Model 3 entre o dia 9 e 31 de Dezembro, do que nos quatro meses anteriores”.

Entretanto, é anunciada mais uma derrapagem no calendário de produção do Model 3, com os 5.000 carros por semana – que inicialmente eram para ser atingidos em Dezembro e foram deslocados para Março – a serem agora oficialmente passados para Junho, com o novo target para final do primeiro trimestre de 2018 a estar fixado nas 2.500 unidades.

Os clientes, os mais de 500.000 que encomendaram o Model 3, continuam à espera, o mesmo acontecendo com os investidores, que continuam a manter a confiança na Tesla.