Aeroportos paralisados, milhares de pessoas sem eletricidade e caos nas estradas são os problemas provocados pela tempestade de neve na costa leste dos EUA e as autoridades receiam que situação se complique com nova descida da temperatura.

A meio do dia de quinta-feira, Nova Iorque estava mergulhada num nevoeiro denso, com as camadas de neve a atingirem 20 centímetros nas ruas de Manhattan, extraordinariamente calmas para a época, como foi noticiado. Com os turistas a fazerem batalhas de neve em Times Square, muitos habitantes da primeira cidade dos EUA decidiram trabalhar a partir de casa.

Raros transeuntes desafiavam o frio e o vento — cujas rajadas podiam atingir os 80 quilómetros por hora — para atravessar a pé a ponte de Brooklyn, enquanto os táxis rolavam extremamente devagar e os automobilistas se esforçavam para tirar a neve dos seus veículos.

O governador do Estado de Nova Iorque, Andrew Cuomo, preveniu que “o principal da tempestade” deve estar passado “cerca das 16-17 horas” (23-24 de Lisboa), ou seja, algumas horas mais tarde do que previsto inicialmente, o que aumentou o receio do gelo, tanto mais que temperaturas próximas dos 13 graus Celsius (ºC) negativos são esperadas durante a noite.

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Os aeroportos nova-iorquinos J. F. Kennedy e La Guardia “estão encerrados de facto”, sublinhara Cuomo ao início da tarde, apesar de os terminais estarem abertos para acolher os passageiros retidos.

Os aeroportos de Newark, no Estado de Nova Jérsia, e o de Boston tiveram, pela sua parte, mais de 75% dos voos cancelados.

O sítio Flightaware recenseou a anulação de cerca de quatro mil voos, tanto dentro dos EUA, como provenientes ou destinados ao país, e mais de 1.600 atrasos.

Da fronteira do Canadá, onde as cataratas do Niagara estão parcialmente geladas, ao rio Potomac, congelado na capital, Washington, o conjunto dos transportes estava perturbado pela tempestade.

Além dos problemas nas estradas, também nos caminhos-de-ferro houve vários comboios atrasados ou anulados no nordeste pela companhia nacional Amtrak. Em Nova Iorque, Boston, Filadélfia e Washington, as escolhas fecharam por precaução. Algumas regiões do sudeste norte-americano, habitualmente poupadas pela neve, também, foram atingidas por esta tempestade.

Depois de as praias da Florida terem recebido esta semana os seus primeiros flocos de neve em mais de 30 anos, três pessoas morreram quinta-feira durante um acidente devido ao gelo no Estado da Carolina do Sul. E nos da Carolina do Norte e Virgínia, mais de 30 mil pessoas estavam, sem eletricidade ao início da tarde, segundo a CNN. Em Nova Iorque, eram três mil, segundo Cuomo, e dez mil em Boston, no Estado do Massachusetts.

Neste Estado costeiro, habituado aos invernos rigorosos, a tempestade esteve acompanhada de vagas gigantes, segundo o Serviço Meteorológico Nacional. Estas ondas provocaram inclusive inundações em alguns quarteirões de Boston, conforme as imagens difundidas por televisões locais. “Não é costume ouvir os meteorologistas referirem-se a ventos glaciais durante tempestades de neve” para a região, sublinhou o governador do Massachusetts, Charlie Baker. “Quero garantir que vai ser difícil no Massachusetts”.

Várias autoridades locais mobilizaram meios suplementares ao declararem o estado de emergência. “Esta tempestade pode provocar ventos fortes e prejudiciais, que podem derrubar árvores e provocar cortes de energia”, em resultado da queda dos postes de transmissão, avisou o Serviço Meteorológico.

Chamada “bomba meteorológica”, devido à queda particularmente rápida da temperatura, esta tempestade deve trazer uma nova vaga de frio nos próximos dias.

Depois de uma escassa recuperação na quarta-feira, o mercúrio recomeçou a cair. Depois de 5ºC negativos durante o dia de quinta-feira, a temperatura deve aproximar-se dos 13ºC negativos na noite de quinta para sexta-feira em Nova Iorque e permanecer glacial até ao final de semana em todo o nordeste dos EUA.

“Isto quer dizer que a neve caída durante a tempestade vai gelar rapidamente”, preveniu Charlie Baker.

As temperaturas só deverão começar a subir na próxima semana.