Os protestos anti-governo no Irão, que já fizeram mais de 20 mortos, levaram o estado do golfo pérsico a enviar uma carta às Nações Unidas na qual acusam os Estados Unidos da América de utilizar o Facebook e o Twitter para incentivar manifestações. Depois de bloquear o acesso ao Instagram e ao Telegram (uma app concorrente do Whatsapp, detida pelos criadores do VK, a maior rede social russa), Teerão afirma que o presidente americano Donald Trump e o vice-presidente Mike Pence foram “grotescos” ao incentivarem os protestos através do Twitter.

Protestos no Irão já fizeram mais de 20 mortos

“O Departamento de Estado dos EUA chegou a afirmar que o governo americano quer encorajar os manifestantes do Irão a mudarem o governo, admitindo que os EUA estão comprometidos em interferir com os assuntos internos do Irão através do Facebook e do Twitter”, refere parte da carta enviada às Nações Unidas.

Como noticia a CNN, o secretário norte-americano para relações internacionais, Steve Goldstein, alertou que os iranianos estão a utilizar VPN (redes privadas virtuais que permitem contornar as barreiras impostas por alguns países) para acederem a sites barrados. Em Portugal, os VPN têm ganho maior audiência depois de o estado português ter bloqueado unilateralmente o acesso a sites que permitiam ver séries. Segundo avança a imprensa iraniana, o mercado para aceder a este tipo de serviços — VPN — teve um crescimento exponencial na última semana.

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Goldstein chegou a afirmar que “[os EUA] querem encorajar os manifestantes a continuar a luta pelo que é correto e a abrirem o Irão”. O político chega a referir-se a aplicações barradas pelo governo iraniano como “via legítimas de comunicação” e que “as pessoas do Irão e no mundo devem poder aceder a estes sites (redes sociais)”.

As manifestações levaram a que Pence publicasse esta quarta-feira no Washigton Post, um artigo de opinião a criticar a administração de Barack Obama, antigo presidente dos EUA, por em 2009 não ter demonstrado o devido apoio em manifestações semelhantes anti-governo. Apesar de os protestos não terem alcançado a dimensão dos de há nove anos, segundo o ministro do interior do Irão, AbdolrezaRahmani Fazli, cerca de 42 mil pessoas saíram para as ruas.

Espera-se que o bloqueio ao acesso ao Instagram e ao Telegram no Irão seja levantado na sexta-feira. As aplicações têm sido a principal forma de comunicação entre os manifestantes para organizarem protestos.