O programa “Costa Segura”, que contempla a instalação de câmaras e radares de vigilância na orla costeira portuguesa, vai abranger todo território nacional até ao final deste ano, afirmou este sábado o secretário de Estado da Defesa Nacional.

Marcos Perestrello esteve na Póvoa de Varzim, no distrito do Porto, a inaugurar mais uma estação do “Costa Segura”, que ficará instalada no porto de pesca local e que, segundo o governante, será mais um importante instrumento de apoio em caso de acidentes no mar.

“No final deste ano teremos a cobertura total do território com este sistema de vigilância costeiro, permitindo a cada capitão de porto ter mais um instrumento de apoio à decisão para intervir em situações de naufrágio, de queda de homem ao mar ou incidente de poluição”, partilhou o secretário de Estado.

Marcos Perestrello lembrou que o sistema já está operacional em grande parte do território nacional, faltando apenas “algumas componentes nas ilhas e também na costa alentejana”.

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O governante lembrou que o programa já está em funcionamento “em toda região Centro, no Norte e no Algarve”.

Marcos Perestrello recordou que a instalação deste sistema de vigilância, sobretudo vocacionado para situações de perigo no mar, “tem um baixo custo”, e considerou “aceitável que por uma verba a rondar os 3,5 a quatro milhões de euros haja um sistema que permita ter toda a costa do território no continente e ilhas vigiada”.

Estando na Póvoa de Varzim, onde está uma das mais significativas comunidades piscatórias do país, o secretário de Estado da Defesa partilhou a intenção do Governo de reforçar o Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) com mais meios humanos e materiais.

“Lançámos um concurso para 62 novos tripulantes para as estações salva-vidas, o que praticamente duplica a capacidade dessas estações, que terão também meios reforçados, com três lanchas ligeiras para as ilhas e dois salva-vidas de grande capacidade, que já estão em construção. Um deles destina-se a esta zona da Póvoa de Varzim e Vila do Conde”, explicou.

Este reforço de meios de segurança e vigilância para a região deixou satisfeito o presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, que lembrou que nos “últimos seis anos mais de 20 pescadores da zona morreram em acidentes variados no mar”.

“Tudo o que se faça para aumentar as condições de segurança daqueles que operam no mar só temos de agradecer, é uma forma de resolvermos esta saga que a nossa população que se dedica à pesca tem sofrido”, afirmou.

O autarca enalteceu também as operações de dragagem que vão acontecer no porto de pesca em 2018, num investimento de quase um milhão de euros, e o reforço de meios para o ISN, deixando ainda um repto aos pescadores.

“A prevenção e segurança começam em cada indivíduo, fazendo, por exemplo, uso, enquanto trabalham no mar, dos seus equipamentos de proteção, nomeadamente os coletes salva-vidas”, apontou.

Ainda nesta cerimónia, foi feita uma reflexão sobre o Programa de Cidadania Marítima (PCM), desenvolvido pela Autoridade Marítima Nacional, e que visa a consolidação de valores de cidadania e civismo, e a promoção de hábitos de segurança nos meios marítimos e fluviais.

Foi ainda apresentado o Programa “Cego do Maio” – nome de um conhecido salva-vidas e pescador poveiro do século XIX -, que pretende criar e fomentar uma rede de voluntários de apoio ao salvamento marítimo coordenado pelo Instituto de Socorros a Náufragos.

A iniciativa vai começar nesta localidade nortenha da Póvoa de Varzim e irá alastrar-se, depois, para as zonas centro e sul do país.

Na sessão foi assinado um protocolo de cooperação entre a Câmara Municipal e a Autoridade Marítima para o restauro e conservação da antiga embarcação salva-vidas “Cego do Maio”, que iniciou a sua atividade em 1864 e se manteve ao serviço por mais de 75 anos, estando agora em exposição no museu poveiro.