O candidato a presidente do PSD Rui Rio pediu este sábado ao seu adversário, Pedro Santana Lopes, que mantenha a elevação que a campanha para a liderança do partido teve desde o início.

Num encontro com militantes em Viseu, Rui Rio disse que “houve uma primeira tentativa, no debate televisivo, de baixar esse nível”, à qual procurou resistir, numa referência ao debate entre os dois candidatos a presidente do PSD transmitido pela RTP na quinta-feira. “Pensei que as coisas tinham ficado por ali, mas hoje, quando olho para a primeira página do jornal Expresso, vejo que o nível ainda baixou mais um bocadinho”, criticou.

Na manchete do Expresso de pode ler-se: “Santana Lopes, em entrevista, critica Rio, que acusa de ser ‘limitado’ e ‘paroquial'”.

Rui Rio reconheceu que “as campanhas, à medida que se aproximam do dia das eleições, tendem a apertar mais, tendem a ter um clima mais emotivo”. “Aquilo que eu mais desejo é que não haja esse clima mais emotivo, que haja serenidade, para que, a partir do próximo sábado, ganhe quem ganhar, o partido esteja unido e não se tenham aberto feridas que depois são muito difíceis de sarar”, afirmou.

Segundo o candidato à liderança do PSD, “entre os apoiantes de um lado e de outro geram-se discussões, geram-se clivagens e isso depois é que é muito difícil de recuperar”.

“O apelo que eu faço é que isto possa ser com argumentos duros, mas com uma elevação que nunca toque o plano pessoal, que nunca se resvale para mentiras ou para meias verdades, que é isso que depois incomoda as pessoas e gera os antagonismos que nós temos de evitar, porque nós somos todos do mesmo partido”, frisou.

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Mesmo que fossem de partidos diferentes, o respeito deve manter-se “sempre até ao fim, sejam quais forem os adversários”, acrescentou. Em declarações aos jornalistas, Rui Rio garantiu que vai continuar a “manter o debate no nível mais alto possível”. “Se eu tivesse respondido ao mesmo nível, o debate baixava a nível tal que quem mais se prejudicava era o Partido Social Democrata em primeiro lugar e depois desprestigiava o próprio cargo ao qual nós nos estamos a candidatar”, considerou.

Rui Rio disse que Santana Lopes “tem consciência de que vai atrás em termos de intenções de voto, tem de apertar o discurso”, o que compreende e considera legítimo.

“Baixar o nível ao ponto de prejudicar o próprio partido, eu não concordo”, frisou. A candidatura de Santana Lopes divulgou um comunicado a propósito da entrevista do candidato ao Expresso, referindo que o jornal, na primeira página, escreve “falsidades” quando, numa legenda, diz que Santana Lopes acusa Rui Rio “de ser «limitado e paroquial»”.

“Esta candidatura repudia veementemente tais imputações, uma vez que essas palavras nunca foram proferidas pelo candidato na referida entrevista. O que, aliás, se pode confirmar mediante a leitura das perguntas e as respetivas respostas de Pedro Santana Lopes, de onde foram extraídas essas falsidades”, lê-se no comunicado.

Na entrevista ao Expresso, segundo a transcrição do jornal, que é citada no mesmo comunicado, Santana Lopes afirma que Rui Rio “tem uma visão limitada do conhecimento do país e do mundo.”

“E limitado no sentido em que é pouco, é menos ousado do que eu, menos aberto do que eu a projetos ambiciosos”, acrescenta.

Noutra resposta ao Expresso, Santana Lopes afirma que Rui Rio “tem uma visão muito paroquial”, como acontece, por exemplo, “no Estado e nas empresas”, em que o seu rival “faz parte de um conjunto de pessoas que tem uma maneira de pensar muito resignada sobre Portugal”.