Pouco faltava para o árbitro apitar. E o Sporting vencia folgadamente (4-0) o Marítimo. Mas não serenava. Correção: Bruno Fernandes não serenava. E conduzia os de Alvalade para a frente, para a frente, sempre para a frente — com a vertigem (insaciável) de quem quer mais, a quem quatro golos não chegam, e podia ficar a jogar até ao outro dia. Muito Bruno rematou. E assistiu. Mas Charles, o guarda-redes do Marítimo, impedia-o sempre de festejar.

No derradeiro minuto, e tendo Iuri Medeiros deixado a bola redondinha à entrada da área, voltou a rematar – com uma potência que não se esperaria de quem como ele é “lingrinhas”. E Charles, sua “nemesis” de Belo Horizonte, defenderia. Mas defenderia para a frente, rematando Acuña para o quinto do Sporting. Bruno Fernandes (que não é rapaz de quezílias) lá acabou por dar uma palmadinha nas costas do argentino. Mas o rosto era de enfado. Não conseguiu o que pretendia: o golo.

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Sporting-Marítimo, 5-0

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Carlos Xistra

Sporting: Patrício; Ristovski, Coates, André Pinto e Fábio Coentrão; William Carvalho, Bruno Fernandes e Bryan Ruiz (Acuña, 63’); Gelson Martins (Iuri Medeiros, 73’), Podence (Battaglia, 63’) e Bas Dost

Suplentes não utilizados: Salin, Tobias Figueiredo, Palhinha e Doumbia

Treinador: Jorge Jesus

Marítimo: Charles; Bebeto, Drausio, Diney e Luís Martins; Gamboa (Ibson Melo, 76’), Fábio Pacheco e Filipe Oliveira (Eber Bessa, 87’); Edgar Costa (Ricardo Valente, 76’), Fabrício Baiano e Rodrigo Pinho

Suplentes não utilizados: Abedzadeh, Ghazaryan, Nanu e Everton

Treinador: Daniel Ramos

Golos: Bas Dost (21’; 74’; 78’), Bryan Ruiz (50’) e Acuña (92’)

Ação disciplinar: Cartão amarelo para Fabrício Baiano (63’)

Mas votando atrás no cronómetro. O começo foi algo entediante – para não dizer pior. “Culpe-se” o bloco defensivo tão recuado do Marítimo — e algum atabalhoamento do Sporting na tentativa de o penetrar.

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Curiosamente, a primeira ocasião para alterar o placard em Alvalade até foi dos visitantes. Foi a primeira e a última que tiveram. O livre era ainda distante da grande área, um pouco descaído para a direita, e Edgar Costa bateu longo. Diney Borges escapou-se aos centrais do Sporting e cabeceou livre de oposição. Mesmo assim, livre como um passarinho, cabecearia sem direção. Isto ao minuto dezoito. Dois minutos depois, o golo. Se o bloco defensivo do Marítimo era recuado, o Sporting só o derrubaria em contra-ataque. Foi o que fez. Coates desmarcou Gelson Martins à direita, num passe longo e preciso para as costas da defesa, o extremo cruza prontamente para a grande área e Bas Dost só precisou de desviar (um desvio de primeira e classe, atenção) do guarda-redes Charles Silva.

Pouco mais o Sporting desassossegou Charles na primeira parte. E o guarda-redes do Marítimo só voltou a ser desassossegado no início da segunda por culpa aselhice dos seus. O minuto era o cinquenta. Bryan Ruiz pressionou (com “modos” e sem lhe roer os calcanhares assim tanto) Fábio Pacheco, o médio erra o passe e entrega-o a Bruno Fernandes — que prontamente desmarca Bryan na grande área. À saída do guarda-redes Charles, Bryan remata e faz o segundo da noite para o Sporting. O médio costa-riquenho precisou apenas de 114 minutos para voltar a marcar desde a reintegração em Alcochete.

Depois começou uma daquelas histórias “espirituosas” (o Marítimo não se riu…) que se contam sempre da mesma forma: fulano, beltrano e sicrano [inserir nacionalidades] entraram num bar. Desta feita, um gigante e um lingrinhas entraram num relvado. E resolveram o jogo.

Ao minuto setenta e quatro, e depois de mostrar que pulmão não lhe falta, Coentrão atravessou o campo de uma defesa à outra, isolou Bruno Fernandes na grande área, à esquerda, Bruno cruzou e Bas Dost desviou à boca da baliza. Tudo simples. Como simples foi quatro minutos depois. À direita, Bruno Fernandes rematou forte e Charles defendeu. Mas defendeu para um lugar onde o gigante Bas Dost chegou com a cabeça, desviando o holandês para o seu hat-trick – e o quarto do Sporting. Foi o décimo hat-trick de Dost desde que faz do futebol seu ofício, sexto desde que veste de verde-e-branco. Quanto a Bruno, o “lingrinhas”, é a décima primeira assistência da temporada.

Sobre o golo final, de Acuña, falei-lhe no início. Falta somente dizer que o Sporting terminou a primeira volta sem derrotas – conta quatro empates –, 38 golos marcados e 10 sofridos. E jogando antes do Futebol Clube do Porto, tornou-se líder à condição.